Durante quatro anos usei apostila, foram três no segundo grau e um no cursinho. Sempre tive certa dificuldade com tal método, mas me convencia de que no fundo era bom, e seguia sem muito reclamar.
Neste meu primeiro ano de faculdade, não senti falta de apostila, mas também não fui muito a fundo nas minhas reavaliações. Achei melhor sem e ficou por isso. Entretanto o primeiro dia no meu retorno ao cursinho foi o suficiente para que eu reavaliasse mais a sério meu ensino médio, no que diz respeito a material didático.
Vindo de um curso que, apesar de biológico, tem uma expressiva veia humana – o que acaba por levar, em maior ou menor grau, a uma visão mais crítica e questionadora do mundo – o retorno ao cursinho – extremismo da ortodoxia à apostila – foi um choque. 180 alunos aceitando passivamente tudo o que o professor dizia, sem ninguém que levantasse a mão e perguntasse o porquê, que discordasse do que estava sendo dito, e achando esse comportamento normal. Uma caricatura do tempo em que eu usei apostila, e que achava tudo isso normal.
Numa escola de ensino médio que use esse método, por mais que o professor tente instigar o debate em sala de aula, fazer com que os alunos busquem em outras fontes, dificilmente ele irá muito além da apostila.
A apostila leva os alunos ao comodismo: para que buscar em outras fontes se ela traz o principal da matéria? Leva à uma compreensão superficial dos assuntos: se ela traz o principal, por que perder tempo nos detalhes? Ela inibe a discussão, o raciocínio, a crítica, uma vez que simplifica o mundo de uma forma grosseira e apresenta a matéria como verdade absoluta.
Por melhor que seja o professor, a apostila acaba por anulá-lo. É como dar um violão com uma corda ao melhor dos músico, por mais que ele saiba, pouco tem a fazer.
Passiva, acomodada, acrítica, bitolada. Eis uma sucinta descrição da "geração apostila". Filhes da ditadura, por mais que não a tenham vivido, tal como aqueles que hoje estão entrando na escola. O uso da apostila, em parte, explica o perfil daqueles que atualmente estão nos bancos das melhores universidades do país. Explica, mas não justifica.
Ribeirão Preto, 08 de novembro de 2001
Neste meu primeiro ano de faculdade, não senti falta de apostila, mas também não fui muito a fundo nas minhas reavaliações. Achei melhor sem e ficou por isso. Entretanto o primeiro dia no meu retorno ao cursinho foi o suficiente para que eu reavaliasse mais a sério meu ensino médio, no que diz respeito a material didático.
Vindo de um curso que, apesar de biológico, tem uma expressiva veia humana – o que acaba por levar, em maior ou menor grau, a uma visão mais crítica e questionadora do mundo – o retorno ao cursinho – extremismo da ortodoxia à apostila – foi um choque. 180 alunos aceitando passivamente tudo o que o professor dizia, sem ninguém que levantasse a mão e perguntasse o porquê, que discordasse do que estava sendo dito, e achando esse comportamento normal. Uma caricatura do tempo em que eu usei apostila, e que achava tudo isso normal.
Numa escola de ensino médio que use esse método, por mais que o professor tente instigar o debate em sala de aula, fazer com que os alunos busquem em outras fontes, dificilmente ele irá muito além da apostila.
A apostila leva os alunos ao comodismo: para que buscar em outras fontes se ela traz o principal da matéria? Leva à uma compreensão superficial dos assuntos: se ela traz o principal, por que perder tempo nos detalhes? Ela inibe a discussão, o raciocínio, a crítica, uma vez que simplifica o mundo de uma forma grosseira e apresenta a matéria como verdade absoluta.
Por melhor que seja o professor, a apostila acaba por anulá-lo. É como dar um violão com uma corda ao melhor dos músico, por mais que ele saiba, pouco tem a fazer.
Passiva, acomodada, acrítica, bitolada. Eis uma sucinta descrição da "geração apostila". Filhes da ditadura, por mais que não a tenham vivido, tal como aqueles que hoje estão entrando na escola. O uso da apostila, em parte, explica o perfil daqueles que atualmente estão nos bancos das melhores universidades do país. Explica, mas não justifica.
Ribeirão Preto, 08 de novembro de 2001
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