terça-feira, 10 de setembro de 2002

Fama inesperada

As vezes eu me surpreendo. Sequer eu sabia que minha fama ultrapassava fronteiras. E o que é mais surpreendente: não foi a fama que ruim que transbordou além mares! Tá, tudo bem, além mares é exagero, ela só foi até logo ali, na Argentina, e ainda muito de leve. Mas foi!

É certo também que o texto sequer era meu, eu apenas havia enviado sabe-se lá a quem que está na minha lista de e-mail, e chegou até o 'Boletim Electrónico de la Unión Latinoamericana Siglo XXI'. O mais impressionante, é que el compañero aqui, que deu a colaboración especial para a edição de abril de 2002, só ficou sabendo que era colaborador hoje, cinco meses depois.

Não obstante essa minha colaboración especial ao sítio argentino, colaborei também para o ‘Jornal da Ciência’. Esse, um pouco menos estranho, porque eles apenas reproduziram uma carta minha publicada na Folha de São Paulo (mas o interessante foi saberem que eu fazia psicologia, porque na carta isso não era mencionado).

Carta por carta, o pior mesmo foi um e-1/2, enviado no ido ano de 1996, ao Pato Fu, e que, ainda hoje, está na internet. Pior é o nível de tal e-1/2. Coisas que a gente se arrepende de ter mandado, ainda mais quando seis anos mais tarde, vem um amigo e recita tal e-1/2 para você (o jeito é fazer análise, tentar apagar esse trauma, agora ainda maior).

Minha fama indo além mares? Ou será minha intimidade não indo além da minha cama? Coisas da internet.

O Grande Irmão, ao que parece, zela por mim!

Campinas, 10 de setembro de 2002

sábado, 7 de setembro de 2002

João Bosco e o parque do século XXI

Esta semana fui assistir ao show do João Bosco, em um shoping aqui de Campinas. Saí na metade. Deplorável alguém do naipe de João Bosco fazer show em um local como aquele, sem acústica, nem conforto à maioria que o assistia. Entretanto o show não destoava do ambiente: tudo ali era deplorável.

Mais que deplorável, deprimente.

Ver todas aquelas pessoas se reunindo em um local privado, para um show que, caso fosse ao ar livre, seria melhor aproveitado (não apenas a acústica, como a temperatura também estava ruim esse dia), numa época em que Campinas repete bordões como "quero paz" e "quero viver", foi esclarecedor e desolador.

O se trancar em shopings mostra o quanto o campineiro está refém da violência, sem vontade de esboçar qualquer reação, e o pior: sem se incomodar realmente com ela – pelo menos enquanto seguranças engravatados dão a impressão de proteção. Falsa impressão, desmentida pelos 60 assaltos e dois seqüestros-relâmpagos (felizmente) ocorridos em dois meses. Sim, felizmente. Pois tenho a esperança de que, sendo tão perigoso em um shoping quanto em um parque, as pessoas voltem a freqüentar mais o segundo – onde podem, inclusive, sentar no chão para assistir a um show –, e assim passem a exigir segurança de forma enfática (apesar de segurança não ser apenas caso de polícia, mas, principalmente, caso de política).

Até lá seguem achando normal – e até bonito – que um shoping se chame Parque, e tenha a pretensão de substituir o original. Afinal, neste novo Parque, à prova de chuva, frio, calor, violência, podem deixar seus pimpolhos brincando em morros artificiais de grama artificial, enquanto buscam nas vitrinas algum produto que os faça esquecer, por um instante, que seja, da sua mediocridade.


Campinas 7 de setembro de 2002