quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

O exemplo

O simbólico, queira ou não, tem muita influência no mundo atual. Lula, em certos aspectos, tem conseguido alguns simbolismos muito bons e importantes. O principal é ser um retirante-metalúrgico assumindo a presidência do país (o que é também uma baita propaganda do sistema capitalista liberal), ter falado em português no Fórum Econômico Mundial, usar roupa nacional, dispensar a cozinheira dos pratos sofisticados de FHC, o Fome Zero são outras atitudes simbólicas que tem feito bem à sua imagem e à imagem do brasileiro em geral. Pelo outro lado, o corte de gastos, a briga pela autonomia do BC, e o aumento do meio porcento dos juros foram um balde de água fria em uma parcela do eleitora que esperava entusiasmado pelo governo Lula.

Aonde está aquele Lula decidido, firme, quando falava das plataformas da Petrobrás? Que história é essa de aumentar em mais um ponto os juros? Mas o aumento de um ponto percentual nos juros não é simbólico. Simbólico é o presidente do BC, Henrique Meirelles, receber aposentadoria do Bank Boston, ou, como na foto estampada hoje na primeira página da Folha de São Paulo, usar tênis Nike. Se o Lula não consegue impor nem suas idéias mais básicas aos seus subordinados, como fazer com que sigam idéias mais amplas, como fazer o país crescer? Imagine se a independência do BC for aprovada... Como disse o sociólogo (petista) Francisco de Oliveira, na aula magna na FFLCH-U$P, a autonomia do BC é a "anulação da política, elege-se o presidente para não governar". Talvez não seja preciso autonomia do BC para tanto...


Campinas, 20 de fevereiro de 2003

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