quarta-feira, 5 de fevereiro de 2003

Quem são os radicais do PT?

Está o maior bafafá o fato da senadora Heloísa Helena não ter comparecido na votação para a presidência do senado. Ela argumentou que não iria votar no oligarca Sarney, pois se filiou ao PT justamente para combater políticos como ele.

A resposta do PT ao ato da senadora foi dado pelo presidente do partido, José Genoíno, que avisou não admitir que alguém vá contra as indicações do partido.

Que o partido deve manter uma linha e impedir que cada deputado e senador da sua bancada vote conforme lhe der na telha, é difícil ser contra. Afinal, caso todos os partidos fossem bem organizados como o PT, a “democracia” brasileira seria bem diferente. Todavia, a atitude do PT com a senadora é típica dos governos extremistas – fascista, comunista ou neoliberal, tanto faz –, que não admitem opinião contrária. Vale lembrar, a senadora não votou contra o partido, ela simplesmente não aceitou a indicação e fez da sua abstenção uma forma de protesto. Ameaçá-la de expulsão do partido por causa disso remete ao bondosos Stalin, Hitler e Mussolini, ou mesmo à FHC e a imprensa chapa branca, que tratava de neo-bobos, perfeitos-idiotas aqueles que criticavam o neoliberalismo.

Já Antônio Malan (desculpem, ato falho, Antônio Palocci), comentou que a rebelião dos “radicais” do partido era contrária à vontade da população, quando esta elegeu Lula e seu plano de governo. Será mesmo? Superávit primário, aumento de juros, cortes de gastos, não foi justamente contra isso que a população votou?

Apesar da palavra radical ter uma conotação negativa, sinônimo de extremismo e intransigência, sua primeira definição, segundo o Houaiss, é “relativo ou pertencente à raiz ou à origem; original”. Ou seja, os radicais é que estão sendo coerentes com as origens do partido – com algumas mudanças, provavelmente, mas sem fugir da linha vermelha para a cor-de-rosa, ou qualquer outra cor (não sei qual a cor do neoliberalismo). Radicais, no sentido pejorativo do termo, estão sendo Palocci e Genoíno, que não aceitam opinião contrária.

É hora de Lula parar de falar em mudanças e começar a sinalizá-las. Não serão feitas da noite pro dia, nem em poucos meses, é óbvio, mas a história de agradar os mercados e fazer discursos sociais é mera continuação do governo FHC. De La Rua também seguiu os passos do antecessor, e nós sabemos no que deu..


05 de fevereiro de 2003

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