rEflexões aleatórias sobre questões aleatórias. nÃo são exatamente opiniões, são antes tentativas de entender o mundo que me habita.
terça-feira, 31 de janeiro de 2006
Relato de viagem 4
domingo, 29 de janeiro de 2006
Relato de viagem 3
Visitamos La Boca e San Telmo, bairros mais modestos, operários. Prédios mais feios, ruas menos arborizadas, mais pichações. No meio disso tudo, o Caminito, turístico e artificial, com suas casas coloridas como antigamente, não porque achem importante preservar a memória, mas porque podem lucrar com ela. Quem vai a La Boca, vai a La Bombonera, o estádio do Boca Juniors, mesmo sem ser fanático por futebol. Queria ter a oportunidade de ver um jogo, mas nem por isso deixamos de comemorar um gol (temos foto provando). Na ausência de jogadores usamos a imaginação, o tio que cortava grama e o robozinho de explorar Marte que irrigava o campo.
Meio-dia encaramos a tradicional Parrillada. Para azar do Phah, ficou contra o vento e não teve muito apetite por causa do cheiro de banheiro público que provinha do assado argentino (que tem rins, intestidos e outras coisas). Ah! Também tomamos soda, daquelas com sifao, que a Mafalda usava no seu traje espacial! (por falar em Mafalda, tive que me segurar para nao comprar um boneco de uns trinta centímetros dela).
Uma coisa que há tempo nos intriga: como uma velhinha faz para atravessar a rua em Buenos Aires? Oito pistas e quinze segundos. Nem nós, que caminhamos rápido, conseguimos chegar do outro lado sem o homenzinho comecar a piscar. Só tomando um táxi! No caso da Boca a pergunta é: como uma velhinha faz para caminhar pelas calçadas, que não são regulares, possuem degraus - e não sao dois ou três -, e chegam a mais de um metro de altura?
Outra coisa que nos intriga: nossa cara de estrangeiro - sueco? -, principalmente do Phah. Falo em espanhol e as pessoas insistem em falar ingles conosco - e não que meu espanhol seja ruim, apenas tem um sotaque indefinido. Hoje mesmo, no albergue, tivemos que escutar de uns brasileiros: "com essa cara de gringo?!"
Hoje seguimos para Puerto Madryn, na esperança de ver Pingüim, do ônibus não quebrar, como sempre acontece quando o Phah está viajando, que o ritmo do nosso passeio diminua - ou entao não ficaremos dez dias viajando - e que a água lá seja diferente da de Buenos Aires - mesmo as engarrafadas. É uma das coisas que estamos "extrañando": água! A água aqui é pesada, demora pra matar a sede, enfim, é ruim! Ah, também esperamos que a frota de onibus urbano das proximas cidades tenha ao menos vinte anos, e que isso diminua a poluicao.
Saudações,
2.
Bs As, 28/29 de janeiro de 2006
sábado, 28 de janeiro de 2006
Relato de viagem 2
O olhar afiado do Phah não deixa passar nada, o que tem nos proporcionado boas gargalhadas nestes primeiros dias aqui em Buenos Aires. Por exemplo, a pizza de presunto, traduzida para o inglês como "pizza the ham" (temos foto provando). Estamos descobrindo aqui as maravilhas da libre concurrencia: passagem para Puerto Madryn, vimos em umas quatro empresas, AR$ 152,00. Cedê do Gotan Project, uma banda muito legal que escutamos aqui, as cinco lojas que pedimos o preço encontramos os mesmos AR$ 24,00. Viva o capitalismo de mercado!
Depois de visitar o Museo Nacional de Buenos Aires, que tem alguns Rodin muito legais, encontramos, adivinhem só, um mercado! Que maravilla! Aqui só tem mercadinho e quiosco - umas aberturas onde se vende bolachas, refrigerantes e tranqueiras do gênero. Na volta fizemos algo que chocava todos com quem cruzávamos na rua e, fosse época da ditadura, era capaz de eu agora ser um desaparecido político. Buenos Aires, como eu disse, até buteco tem jeito chique. Pois estávamos em um bairro que não pode ser considerado propriamente como um bairro operário, e eu resolvi comer uma banana. Me senti um astro de cinema, como todos me olhando passear com uma banana pelas revendas de carros Audi, Alfa-Romeo e Ferrari. Se eu tivesse andado pelado teria chocado menos.
Hoje é dia de comermos parrillada, quero ver se o Phah encara os intestinos e afins do boi.
Por enquanto é isso. Tinha mais, mas eu esqueci.
Saudações,
2.
Bs As, 28.01.06
quinta-feira, 26 de janeiro de 2006
Relato de viagem 1
segunda-feira, 23 de janeiro de 2006
Pré-relato de viagem
Seres, Ceres e Serafins,
Eis-me aqui novamente a vos encher a caixa de e-meio. Poderia prometer ser breve, mas como sei que não o serei, prefiro não prometer nada. Incomodo esta vez mais para avisá-los de que incomodarei mais vezes. Mas, calma! Não se trata de algo tão fatídico. Como muitos devem estar sabendo – e vários outros devem estar cansados de saber –, pois repito desde setembro a mesma ladainha, irei, acompanhado do meu irmão, desvendar novas terras – novas para mim e para ele, é bom deixar claro.
A idéia original era puxar as barbas do Fidel. Como sairia claro, decidimos um passei pelo cone sul, visitando Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai. Como faltaria tempo – nem cheguei a ver os custos –, optamos por algo más sensillo: Patagônia e Terra do Fogo. Tenho sérias pretensões de escrever, vez ou outra, relatos dessa viagem. Vontade tenho, mas não sei se terei tempo, meios materiais e condições psicológicas. Portanto, este e-meio serve de alerta: pode ser que vocês recebam e-meios com "relatos de viagem". Se não quiserem receber essas abobrinhas, podem me mandar um e-meio pedindo, ou então podem simplesmente bloquear o endereço, sem dó – já estou mandando pelo gmail para deixar essa possibilidade. Já se alguém estiver interessado em ver pingüim e passar frio conosco, é só mandar um e-meio que eu dou nossa coordenada e seguimos todos juntos rumo ao fim do mundo!
O roteiro da viagem é muito simples. Primeiro, Buenos Aires hermosa, que dizem não estar mais tão hermosa assim. Depois, Puerto Madryn e Península Valdés, ver pingüim. Daí, descemos um pouco mais, para ver mais pingüins, e assim vamos, descendo e vendo pingüins, até chegarmos em Ushuaia, já na Terra do Fogo. Dali subimos pelos oeste argentino, vendo morro, gelo e passando frio, até chegarmos em Bariloche, ou alguma cidade mais barata nas redondezas. Novamente Buenos Aires, comprar livros do Quino, e tomamos o caminho da roça. Serão cerca de 30 dias de viagem, mais de seis mil quilômetros, que faremos com a cara e a coragem. Coragem essa feita especialmente para a viagem, que atende pela alcunha de Visa, e nos dá a esperança de não passar nenhum grande aperto. Meu pai já me avisou: gaste somente se tiver necessidade. Ocorre que esqueceu de dizer que tipos de necessidades. Mas como sou um filho cônscio, não irei gastar em extravagâncias – até mesmo porque sei que o limite não me permitirá voltar para casa em carro próprio.
Antes que me cobrem fotos: esse departamento fica a cargo do meu irmão, chamado Fabrício, conhecido nas bocas como Gã, e doravante tratado como Phah. Se ele baixar as fotos em alguma página, alguma coisa do gênero, eu aviso; senão, sei lá – minha máquina ainda é das analógicas.
Bem é isso. Espero que a viagem seja tranqüila, sem ônibus pinga-pinga, bêbados gritando e motoristas que gesticulam enquanto dirigem – como na minha última viagem Campinas-São Paulo. Nos vemos na volta! Ou, como diria aquele famoso governador daquele famoso estado mexicano: hasta la vista, beibe!
Saudações,
Dalmorito
ps: aquela máquina anunciada outrora continua à venda!
(Pato Branco, 23 de janeiro de 2006)