quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Carta para a Folha: Transporte público

Na reportagem de domingo sobre livros de auto-ajuda (Cotidiano), sem querer, Lair Ribeiro, no exemplo dado de gente que escreve sobre como ficar rico sendo que anda de ônibus, enunciou um elemento geralmente tido por secundário quando discutida a questão do trânsito no Brasil, em especial nas grandes cidades: em nosso país, um dos primeiros sinais do 'sucesso pessoal' está justamente no carro que se tem, a ponto de não ser tão incomum as pessoas terem na garagem carros que valem tanto quanto ou mais do que o imóvel onde moram. Mesmo que o transporte público melhore enormemente, se torne eficiente, cômodo e barato, mesmo assim quero ver se a madame, voltando das suas compras no Shopping Cidade Jardim vai aceitar fazer a viagem em pé, enquanto sua empregada, que subiu alguns pontos antes, viaja confortavelmente sentada. Enquanto esse exemplo continuar sendo risível pelo seu absurdo, continuaremos discutindo como melhorar o fluxo do trânsito para os carros e, quando sobrar tempo (e orçamento), o transporte público para os pobres.

Campinas, 06 de agosto de 2008

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