A
proposta é de aumentar em 17% o salário mínimo. Depois, indexar o
reajuste à inflação anual. Mirian Leitão e outros intelectuais
(porque economista da Grande Imprensa sempre se crê um intelectual,
por mais estreita que seja a viseira) do mesmo quilate devem saber da
notícia, que saiu no último dia de abril de 2012, mas preferem não
dizer nada. Conseguiu o governo comprar até esses independentes
arautos da responsabilidade?
Não,
desta vez não se trata de mais uma medida disparatada, inconseqüente
e populista do governo petista (lembrando: Lula não é mais
presidente do Brasil). A proposta é para Nova Iorque, nos Estados
Unidos, e o silêncio dos formadores de opinião tupiniquins é óbvio:
foram desditos pela própria matriz do pensamento que papagueiam. Se
se souber que o salário mínimo no Reino do Liberalismo é indexado à inflação,
como criticar o governo brasileiro de irresponsável? Se uma proposta
de reajuste de 17% está para ser aprovada nos EUA, como justificar
que reajustes menores no Brasil irão custar a volta da inflação, o
emprego de milhares e trazer a miséria novamente (?) a estes tristes
trópicos?
Há
diferenças de contexto, é certo: lá, pretende-se que com o salário
mínimo possa uma família de três pessoas viver acima da linha da
pobreza – é pouco para o país mais rico do mundo –; aqui, que
um salário mínimo garanta às empresas a competitividade no mercado
externo – competitividade que elas não conseguem ter por não
aplicarem em pesquisa e desenvolvimento, por exemplo. Ah, sim, há um
trabalhador que ganha R$ 622,00 por mês, e deve sustentar uma família com isso, mas é detalhe.
Para
uma imprensa engajada, mais importante do que informar é
desinformar. Para os veículos e colunistas de "respeito",
nada de mentiras, apenas singelas omissões.
São
Paulo, 01 de maio de 2012
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