domingo, 18 de maio de 2014

Gargalhada

Estávamos em cinco naquela festa. Cinco grandes amigos que assim se consideram há mais de doze anos. Apesar das mudanças. Apesar dos avanços e recuos, dos erros e acertos, dos sumiços e aparecimentos, das cidades e dos caminhos distintos que cada um tomou. Amigos que me fizeram descobrir que escolhas aparentemente erradas não são perda de tempo. Havia novidades muitas - inclusive o casamento do amigo que reunia os quatro outros naquela festa -, mas a conversa fluía como se voltássemos das férias da faculdade: mais do que elencar o que nos ocorrera, conversávamos sobre dilemas da vida - pequenos e grandes, bons e ruins, leves e pesados. Havia também os momentos de tirar fotos - entre os quatro ou entre os cinco, quando o anfitrião conseguia nos dar um pouco da atenção dividida entre todas as mesas. Fotos daquelas que guardamos para rever no futuro e notar as diferenças nos traços, o envelhecimento na pele, a perda dos cabelos. Para compararmos a diferença no sorriso esculpido, aquele sorriso forjado para fotos, em que nos apresentamos contentes e de bem com a vida - mais do que com o momento. Posávamos para nós mesmos daqui a alguns anos. Eis que numa dessa sessão de fotos, em que três sorriem para a quarta que segura a câmera, a fotógrava do momento faz uma careta que nos remete a uma piada interna, uma graça que nos surpreende, apesar dos doze anos de contato. A pose se perde, o sorriso pronto se desfaz, e eis que ela consegue, enfim, capturar o momento.



São Paulo, 18 de maio de 2014.

Para: Aline, Vannucci, Paula, Paulo e Tati.

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