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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Carta para a Folha: Polícia

"A foto na página C6 da Folha de 9/9, em que se vê um policial apontando uma pistola contra professores que manifestavam em frente à Assembleia Legislativa do Rio, não mostra uma 'confusão', como diz a legenda, mas um absurdo que permeia a mentalidade da polícia brasileira (e não só): fosse o Brasil um país realmente preocupado com a democracia de fato e esse tipo de 'confusão', arma letal apontada contra pessoas que fazem uso dos seus direitos constitucionalmente garantidos, ganharia a primeira página do jornal e causaria de imediato a demissão do policial e a queda dos seus superiores. Além de nova manifestação. E se é assim com professores, em manifestação no centro da cidade do Rio, noticiada pela imprensa, não é difícil imaginar como não é em Heliópolis. Mas para a imprensa, como para o Estado --enfim, para a nossa elite--, a violência é sempre culpa do crime organizado, o povo é sempre ignorante e facilmente manipulável, a democracia é sempre um valor a ser defendido a tiros de revólver contra quem quiser fazer uso dela."

Campinas, 11 de setembro de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Carta para Folha: Folhateen

"Que a Folha tem uma imagem bastante rasteira do que seria um adolescente médio, isso fica bastante evidente pelo seu caderno Folhateen. Conforme o caderno (e, conseqüentemente, o jornal), o "teenager" - que vai dos dez até próximo dos 30 anos (?!) - é uma pessoa idiota ávida por consumir e estar sempre na última moda, de preferência na última tribo. Até aí, o reforço dessa imagem por parte do caderno já não me surpreende mais. Agora, dizer que doar tênis para vítimas de enchentes é "engajamento", como na edição passada, é exagerar demais a dose. O repórter poderia alegar que se trata de uma ironia, mas nada na reportagem (ou mesmo no caderno) dá deixas para usos "tão" sofisticados da linguagem.

Não sei qual era o objetivo do jornal em ter um caderno destinado ao público jovem. Se era entretê-lo com mais do mesmo, sem nada a acrescentar, penso que o caderno cumpre com louvor seu papel. Se, pelo contrário, o Folhateen visava habituar os jovens à linguagem do jornal, formando os futuros leitores das suas páginas sérias, tenho sérias dúvidas de que o objetivo seja alcançado."

Campinas, 09 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Carta para Folha: Educação

Muito bom o artigo de Dagmar Zibas. Apenas complementando: quando ela fala que os professores passaram a ser 'considerados insumos de segunda categoria', vale ressaltar que esse processo começa no Estado e se estende a toda a sociedade. Em uma busca rápida pela internet não é difícil encontrar sites que descrevem o programa de formação continuada do Estado, o Teia do Saber, como um programa de 'reciclagem dos professores da rede pública' (está em uma página do IB-Unicamp ou da Secretaria de Educação do Estado, por exemplo). Não sei se era necessário lembrar: o que se recicla é lixo.

Campinas, 27 de novembro de 2008

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Carta para a Folha: Transporte público

Na reportagem de domingo sobre livros de auto-ajuda (Cotidiano), sem querer, Lair Ribeiro, no exemplo dado de gente que escreve sobre como ficar rico sendo que anda de ônibus, enunciou um elemento geralmente tido por secundário quando discutida a questão do trânsito no Brasil, em especial nas grandes cidades: em nosso país, um dos primeiros sinais do 'sucesso pessoal' está justamente no carro que se tem, a ponto de não ser tão incomum as pessoas terem na garagem carros que valem tanto quanto ou mais do que o imóvel onde moram. Mesmo que o transporte público melhore enormemente, se torne eficiente, cômodo e barato, mesmo assim quero ver se a madame, voltando das suas compras no Shopping Cidade Jardim vai aceitar fazer a viagem em pé, enquanto sua empregada, que subiu alguns pontos antes, viaja confortavelmente sentada. Enquanto esse exemplo continuar sendo risível pelo seu absurdo, continuaremos discutindo como melhorar o fluxo do trânsito para os carros e, quando sobrar tempo (e orçamento), o transporte público para os pobres.

Campinas, 06 de agosto de 2008

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Carta pra folha: Navio negreiro

Nem entro na questão de se o Bope é o "SBP" da sociedade fluminense, como afirmou o coronel Marcus Jardim (Cotidiano, 16/4).
Mas que as fotos que a Folha publicou dos "insetos" capturados pela polícia poderiam muito bem vir com a legenda "navio negreiro", isso poderiam.
Castro Alves soa hoje mais atual do que nunca.

Campinas, 18 de abril de 2008

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Carta pra folha: Memória

Na esteira do artigo "Lembretes", do professor Marcos Nobre (Opinião, 6/11), sugiro à Folha a criação da seção "Há 50 dias", para manter a memória dos seus leitores sempre fresca quanto aos comportamentos pendentes de explicação dos seus homens públicos.

Campinas, 07 de novembro de 2007

segunda-feira, 28 de março de 2005

Carta pra folha: Gabeira

Fantástica a sensibilidade de Fernando Gabeira em seu artigo "Blues da piedade em versão guarani-caiuá" (Ilustrada, pág. E10, 26/ 3): onde seus colegas vêem apenas números, cifras e estatísticas, Gabeira consegue ver pessoas, consegue ver vida -ainda que uma vida sofrível, difícil, severina, a fugir diariamente da morte sempre à espreita. Torçamos para que essas flores de humanidade que insistem em brotar em meio ao lodo do poder sejam um dia maioria e tenham força o bastante para embelezar os caminhos da vida, e não apenas adornar a morte.

Campinas, 28 de março de 2005

domingo, 16 de janeiro de 2005

Carta pra folha: Beleza e infância

Reconheço a beleza da Camila Finn, mas não posso deixar de manifestar minha indignação com o crime contra ela praticado: transformar uma criança que gosta de brincar de boneca em objeto de desejo sexual. É um absurdo que não haja uma idade mínima para trabalhar como modelo, que agências se utilizem de mão-de-obra infantil e que os pais, estimulados pelos convidativos contratos, estimulem suas filhas a perderem sua infância em passarelas. E é absurdo que a imprensa noticie isso em tom eufórico sem o mínimo de crítica. A vitória de uma brasileira de 13 anos em um concurso internacional de modelos sem dúvida melhorará a imagem do país no exterior. Que o diga a Polícia Federal, que há pouco mandou de volta aviões de turistas europeus que vinham ao Brasil em busca de "Camilas Finns" com menos sorte na vida.

Campinas, 16 de janeiro de 2005

domingo, 19 de setembro de 2004

Carta pra folha: Universidade

O artigo "A greve e a autonomia da universidade" ("Tendências/Debates", 15/9), dos professores da USP José Goldemberg e Eunice Ribeiro Durham, além de não trazer nenhuma idéia nova ao debate, é um monumento à incoerência. Os professores dizem que, quando o gasto com pessoal excede 90% do orçamento, ocorre o sucateamento das instituições -não há dúvida sobre isso-, mas, na hora de discorrer acerca do sucateamento, eles atêm-se unicamente aos aspectos físico-materiais, como se a fachada do prédio da universidade fosse o indicativo de seu sucateamento ou de sua valorização. Ignoram que o sucateamento do ensino público superior se dá especialmente com a migração dos professores para a rede privada. Seguindo a lógica dos articulistas, a solução para a universidade pública seria demitir professores (como se o alto comprometimento das instituições com a folha de pagamento fosse conseqüência do excesso de professores), e não aumentar as verbas a elas destinadas.

Campinas, 19 de setembro de 2004

quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

Carta pra folha: Controle do Ministério Público

"Foi para isso que José Dirceu lutou contra a ditadura? Para ficar com o osso e fazer tudo igual?"

Campinas, 21 de janeiro de 2004

segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

Carta pra folha: Universidade pública

Não surpreende que o professor Isaias Raw seja contra a proposta da professora Marilena Chaui de dar às universidades parte do controle dos recursos destinos à pesquisa ("Tendências/Debates", pág. A3, 17/1). Afinal, oriundo de uma área técnica que produz resultados palpáveis -a medicina-, nada mais lógico para ele do que as agências de fomento à pesquisa visarem "o desenvolvimento científico, base para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país". Trata-se da visão míope de quem usa os óculos da racionalidade neoliberal, como alertou a professora Chaui. Um país não se faz só de desenvolvimento tecnológico, é preciso também um desenvolvimento intelectual que vá além de dados empíricos e estatísticas. Como filósofa, a professora Chaui sabe das dificuldades de atribuir o aspecto técnico exigido pelas agências de fomento à pesquisa a projetos conceituais, especulativos; sabe também o quanto é contraproducente esse viés técnico nas pesquisas ligadas às humanidades. Espero que a visão abrangente da professora Chaui prevaleça nessa discussão.

Campinas, 19 de janeiro de 2004

quinta-feira, 10 de abril de 2003

Carta pra folha: Imprensa

O excelente artigo do professor Roberto Romano ("Silêncio e censura, inimigos da liberdade", "Tendências/Debates", 8/4) chama a atenção para um fato que está ocorrendo nos EUA, possui paralelo com a situação na Venezuela e já foi comentado várias vezes por colunistas desta Folha: o abandono, por parte da imprensa desses países, da busca pela verdade factual em nome da pregação ideológica. É um atentado contra a liberdade dos cidadãos dessas nações, pois põe em dúvida a confiança na imprensa como órgão de fiscalização do poder e como meio de expressão de opiniões.

Campinas, 10 de abril de 2003

domingo, 4 de novembro de 2001

Carta pra folha: Decadência

Sou aluno da USP de Ribeirão Preto e, neste meu primeiro ano de universidade, vi que todas as mesas-redondas e os debates promovidos por alunos no campus foram organizados pelos centros acadêmicos e pelo DCE. À UNE coube apenas a edificante tarefa de venda de carteirinhas de meia-entrada, fim último (se não único) da entidade. Não há como negar que o ministro Paulo Renato é "inimigo" dos estudantes, da educação pública (porque o ensino particular vai muito bem). Porém acusar o ministro pela decadência do movimento estudantil brasileiro é mais uma prova da imaturidade da UNE, grande culpada pela sua própria desmoralização, mas que se nega a assumir tal responsabilidade.

Ribeirão Preto, 04 de novembro de 2001

sexta-feira, 5 de outubro de 2001

Carta pra folha: Terrorismo

Lamentável a Folha ter cedido importante espaço ao coronel Erasmo Dias ("Existe terrorismo no Brasil?", "Tendências/Debates", pág. A3, 2/10) para que mostrasse que ainda se lembra da doutrina de segurança nacional e que acredita cegamente nela. Não vale a pena aprofundar o debate, apenas lembro ao senhor Dias que, durante a ditadura, quem torturava e assassinava "como direito de justiçar" não eram os "terroristas comunistas-leninistas", mas os terroristas de Estado. Porém, assim como Erasmo Dias, também discordo do general Alberto Mendes Cardoso. Sim, há terrorismo no Brasil. Terrorismo de Estado, praticado por FHC e pela equipe econômica, que matam de fome, a cada "canetada", a cada aumento de juros, milhares de pessoas. Sim, há terrorismo: um terrorismo silencioso contra vítimas sem voz.

Ribeirão Preto, 05 de outubro de 2001

sábado, 18 de agosto de 2001

Carta pra folha: Fundações universitárias

Muito pertinente o debate que a Folha tem trazido à tona acerca das fundações nas universidades públicas. Como aluno da USP, é com preocupação que vejo marcada para o dia 4 de setembro a regulamentação das fundações pelo Conselho Universitário (CO) sem que o assunto tenha sido suficientemente discutido dentro e fora da universidade. A USP poderia dar um exemplo de atitude democrática, prorrogando a regulamentação e ampliando o debate sobre as fundações.

Ribeirão Preto, 18 de agosto de 2001

domingo, 8 de abril de 2001

Carta pra folha: USP

No artigo "Uma mácula maior" ("Tendência/Debates", pág.A3, 5/4), os estudantes Pedro Silva Barros e Weber Sutti falam do autoritarismo do reitor Jacques Marcovitch, ignorando que esse comportamento existe entre os próprios alunos na relação veteranos/calouros. Ingressei na USP em 2001 e confesso nunca ter sido tão humilhado em minha vida toda quanto neste início de ano. Somos forçados a participar dos humilhantes trotes, dentro e fora do campus, em que, além do desrespeito à pessoa, há, ainda, o desrespeito às suas crenças. Seguidamente ocorrem vexações morais aos calouros. Sugiro aos veteranos da USP que dêem o exemplo antes de exigir uma postura mais democrática do nosso reitor.

Ribeirão Preto, 08 de abril de 2001