sábado, 18 de janeiro de 2003

Perguntas que sempre voltam

Tem certas perguntas que sempre me faço, por mais que já tenha encontrado respostas satisfatórias, quando abro os jornais.

Por que a oposição na Venezuela é branca, dentes bonitos e roupas de marca?

Por que greve no Brasil é inconstitucional e locaute na Venezuela é popular?

Por que o Chavez é ditador e o Duhalde é presidente?

Por que chamam os Estados Unidos de democracia?

Por que dizem que no Brasil há democracia?

Por que Cuba é um perigo para os Estados Unidos?

Por que o Iraque é um perigo para os Estados Unidos?

Por que o Iraque se tornou um perigo só depois da saída do Bustani da Opaq?

Por que o projeto atômico da Coréia do Norte não representa perigo aos Estados Unidos?

Por que só os “países civilizados” podem ter bomba atômica?

Por que o Eixo-do-mal nunca passa pela França, Itália, Alemanha, Rússia, Inglaterra, Israel?

Por que os Estados Unidos se interessam tanto pela Colômbia?

Por que não capturaram o Bin Laden?

Por que os terroristas são sempre os mais fracos?

Para onde foi o dinheiro das privatizações dos anos FHC?
Por que os preços controlados pelo governo aumentaram muito acima da inflação durante os anos FHC?

Por que se avalia um presidente pelo currículo e não pelo que fez quando no cargo?

Por que FHC defendeu tanto o foro privilegiado?

Por que o Palocci agrada os “mercados”?

Por que o Lula ainda não falou da base de Alcântara?

Quando vai acabar a tortura no Brasil?
Por que o S no BNDES?

Por que a Globo puxa tanto o saco do Lula?

Por que justo o Miro Teixeira no ministério das comunicações?
Por que existe prisão especial pra aqueles que tiveram mais oportunidade na vida?

Por que o vê-comunista-em-cada-esquina Denis Rosenfeld tem tanto espaço na Folha de SP?

Por que “elevador de serviço” não é preconceito?

Por que todo mundo só prevê as tragédias passadas?

Por que não se faz mais médicos como Che Guevara, Oswaldo Cruz e Guimarães Rosa?
Por que o MST é criminoso e a UDR não?

Por que o culpado pelo aumento da violência é sempre o traficante, nunca o usuário de drogas?

Por que todo mundo se diz de esquerda?


Pato Branco, 18 de janeiro de 2003

terça-feira, 7 de janeiro de 2003

A caravana


Saudades do tempo em que se dizia na política que o poder era como violino, pega-se com a esquerda e toca-se com a direita... na era da internet, do big brother, do viagra o poder agarra-se com a direta e toca-se com a direita.
Lula ganhou as eleições. Foi vendido como se vende pasta de dentes, se tornou um ícone pop (ele e o Enéas foram os dois mais pop das eleições), ganhou com um discurso vazio e sempre tentando agradar aos especuladores. O povo? Algumas propostas de impacto, midiáticas. As atitudes concretas sempre se direcionaram ao capital.
Agora Lula faz a caravana da miséria com seus ministros. Para variar, mais um evento midiático. A intenção até é boa, mostrar a verdadeira cara do Brasil para aqueles que decidirão o seu rumo. Só que esqueceram de chamar quem manda no Brasil: até onde sei, nenhum representante do FMI integra o grupo de tal caravana. Já os ministros, é estranho que não conheçam a face do país, que é mostrada em doses homeopáticas a cada esquina das grandes cidades brasileiras. Deve ser porque agora haverá equipes de televisão acompanhando a caravana que eles atentarão para o fato de no Brasil existir quem passe fome.
Enquanto Lula e a maioria de seus ministros aparecem bastante e fazem pouco, tem ministro já mostrando para o que veio. O ministro do trabalho, Jaques Wagner, disse que é contra a multa de 40% sobre o FGTS para demissões sem justa causa (não entendo muito de economia, vai ver que desonerar as demissões aumenta a oferta de empregos).
O governo é novo, mas as emissoras de tv são as mesmas. E para agradar a esses "mesmos" Lula segue a linha de seu antecessor, não apenas na questão trabalhista, como na televisiva: ambos fazem a alegria dos telejornais, um com seus belos discursos, outro com suas caravanas e abraços. Estou sendo um pouco precipitado - mas como dizem que a primeira impressão é a que fica -, parece que trocamos um sociólogo de gabinete, intelectual-de-orelha-de-livro por um astro pop.

Pato Branco, 07 de janeiro de 2003