domingo, 29 de janeiro de 2006

Relato de viagem 3

A grande questão do dia que se nos tomou hoje foi: o que há nas Guianas, já que lá não ocorrem nem eleições, nem revoltas, nem catástrofes naturais? Por falar em castástrofes - não que haja mais ou seja mais chocante do que no Brasil -, mas choca, ainda mais quando estamos alegres viajando, ver criancas vendendo rosas em porta de museus, cantando no metro, bêbados pedindo un cigarrillo, vendedores de sinal que vem se lamentar - buscar alguém que compreenda seu drama? - e você não entende, e o sinal abre, e você prefere mesmo não entender. E olha que falo das regiões nobres - essas em que comer banana na rua chama a atenção - de Buenos Aires.
Visitamos La Boca e San Telmo, bairros mais modestos, operários. Prédios mais feios, ruas menos arborizadas, mais pichações. No meio disso tudo, o Caminito, turístico e artificial, com suas casas coloridas como antigamente, não porque achem importante preservar a memória, mas porque podem lucrar com ela. Quem vai a La Boca, vai a La Bombonera, o estádio do Boca Juniors, mesmo sem ser fanático por futebol. Queria ter a oportunidade de ver um jogo, mas nem por isso deixamos de comemorar um gol (temos foto provando). Na ausência de jogadores usamos a imaginação, o tio que cortava grama e o robozinho de explorar Marte que irrigava o campo.
Meio-dia encaramos a tradicional Parrillada. Para azar do Phah, ficou contra o vento e não teve muito apetite por causa do cheiro de banheiro público que provinha do assado argentino (que tem rins, intestidos e outras coisas). Ah! Também tomamos soda, daquelas com sifao, que a Mafalda usava no seu traje espacial! (por falar em Mafalda, tive que me segurar para nao comprar um boneco de uns trinta centímetros dela).
Uma coisa que há tempo nos intriga: como uma velhinha faz para atravessar a rua em Buenos Aires? Oito pistas e quinze segundos. Nem nós, que caminhamos rápido, conseguimos chegar do outro lado sem o homenzinho comecar a piscar. Só tomando um táxi! No caso da Boca a pergunta é: como uma velhinha faz para caminhar pelas calçadas, que não são regulares, possuem degraus - e não sao dois ou três -, e chegam a mais de um metro de altura?
Outra coisa que nos intriga: nossa cara de estrangeiro - sueco? -, principalmente do Phah. Falo em espanhol e as pessoas insistem em falar ingles conosco - e não que meu espanhol seja ruim, apenas tem um sotaque indefinido. Hoje mesmo, no albergue, tivemos que escutar de uns brasileiros: "com essa cara de gringo?!"
Hoje seguimos para Puerto Madryn, na esperança de ver Pingüim, do ônibus não quebrar, como sempre acontece quando o Phah está viajando, que o ritmo do nosso passeio diminua - ou entao não ficaremos dez dias viajando - e que a água lá seja diferente da de Buenos Aires - mesmo as engarrafadas. É uma das coisas que estamos "extrañando": água! A água aqui é pesada, demora pra matar a sede, enfim, é ruim! Ah, também esperamos que a frota de onibus urbano das proximas cidades tenha ao menos vinte anos, e que isso diminua a poluicao.
Saudações,
2.
Bs As, 28/29 de janeiro de 2006

sábado, 28 de janeiro de 2006

Relato de viagem 2

Depecepções à parte com o albergue fulero que estamos (mas é bem localizado), com beliches altas que nos dificulta subir nelas e café da manha fraquinho, café, pão, manteiga e uma geléia - não tem doce de leite!!!
O olhar afiado do Phah não deixa passar nada, o que tem nos proporcionado boas gargalhadas nestes primeiros dias aqui em Buenos Aires. Por exemplo, a pizza de presunto, traduzida para o inglês como "pizza the ham" (temos foto provando). Estamos descobrindo aqui as maravilhas da libre concurrencia: passagem para Puerto Madryn, vimos em umas quatro empresas, AR$ 152,00. Cedê do Gotan Project, uma banda muito legal que escutamos aqui, as cinco lojas que pedimos o preço encontramos os mesmos AR$ 24,00. Viva o capitalismo de mercado!
Depois de visitar o Museo Nacional de Buenos Aires, que tem alguns Rodin muito legais, encontramos, adivinhem só, um mercado! Que maravilla! Aqui só tem mercadinho e quiosco - umas aberturas onde se vende bolachas, refrigerantes e tranqueiras do gênero. Na volta fizemos algo que chocava todos com quem cruzávamos na rua e, fosse época da ditadura, era capaz de eu agora ser um desaparecido político. Buenos Aires, como eu disse, até buteco tem jeito chique. Pois estávamos em um bairro que não pode ser considerado propriamente como um bairro operário, e eu resolvi comer uma banana. Me senti um astro de cinema, como todos me olhando passear com uma banana pelas revendas de carros Audi, Alfa-Romeo e Ferrari. Se eu tivesse andado pelado teria chocado menos.
Hoje é dia de comermos parrillada, quero ver se o Phah encara os intestinos e afins do boi.
Por enquanto é isso. Tinha mais, mas eu esqueci.
Saudações,
2.
Bs As, 28.01.06