domingo, 23 de dezembro de 2001

Mensagem de Natal

Se você, ao ler o título desta crônica imaginou que eu aqui diria seja bonzinho(a) nesse dia, perdoe seus inimigos, que o mundo seja só paz dia 25, não perca as esperanças, o Papai-Noel vai entrar pela chaminé da sua casa e te dar aquele presentão que você pediu na cartinha que você mandou para a Lapônia.

Por outro lado, se você ao ler o título da crônica e por quem ela foi escrita, pensou que ela diria que tudo é um lixo, o natal é uma merda, não presta para nada; sem querer ser pessimista, mas como você é uma pessoa amarga.

Agora, se você, ao ler o título da crônica não pensou em nada... sinto dizer, mas que falta de opinião própria.

Feita as considerações iniciais, à "Mensagem de Natal" propriamente dita.

Não sejamos hipócritas em achar que em um dia mudaremos nossa forma de ver o mundo, perdoaremos nossos inimigos, largaremos tudo para ajudar ao próximo, como fez São Francisco, simplesmente por influência do "espírito natalino". Mesmo que conseguíssemos tal façanha, de que adiantaria, já que seria só por um dia?

Já que falei em espírito natalino, me pergunto o que seria isso, nos dias de hoje. Como lembrou Cony, dias desses, na Folha de São Paulo, o presépio, que seria a representação do que realmente se comemora no Natal está se tornando cada vez mais rara. No seu lugar temos aquele simpático velho barrigudo da Coca-Cola a quem chamamos Papai-Noel.

Por falar em Papai-Noel, vale repetir a piada que o Simão faz toda véspera de Natal: o que pensar de alguém que nos EUA é chamado de Santa, veste roupa vermelha, toda cheia de pompons, bota Carla Peres, só sai dia 24, atrás de um bando de veados, e dá pra todo mundo?

Feito o parênteses, de volta à crônica. O espírito natalino hoje se resume a uma palavra: compre. Uma pena, a idéia mais ou menos original (afinal, eu já entrei nesse mundo andando, com todas suas modificações desde quando a Festa do Sol passou a ser Natal) de perdoar ao próximo, de tentar superar as desavenças, de lembrar dos amigos é muito boa. Mas como eu disse, uma vez por ano é pouco.

O espírito de natal deveria estar presente o ano inteiro, e não apenas entre o dia 24 e 26 de dezembro. Falo do espírito tradicional e não do atual, que esse é lembrado todos os dias, todas as horas.

Bem, mas apesar de tudo, Boas Festas para todos. Feliz Natal e Feliz Ano Novo. Vamos nos esforçar todos os dias para que 2002 seja melhor que 2001, para nós, para aqueles que nos cercam e para aqueles que nem conhecemos.

Pato Branco, 23 de dezembro de 2001

sábado, 22 de dezembro de 2001

Saudades do Bandejão

Uma das coisas que tenho sentido saudades da U$P é o Bandejão. Não, não estou brincando. É sério. Eu sei que, para a maioria, comer no Bandex era um ato impossível, uma tarefa insalubre. Mas havia aqueles que apesar de uma certa resistência, principalmente nas semanas em que se desejava boa sorte e não bom almoço, acabavam por se entregar aos prazeres gastronômicos do difamado refeitório. E tinha eu – e provavelmente mais dois ou três malucos – que chegava a ir para a U$P só para almoçar no Bandex.
Claro que eu levei um certo tempo até me acostumar com os cachorros passeando pelo refeitório, batendo seus rabos contra as mesas, jogando suas pulgas e sabe-se lá o que mais nas nossas bandejas, mas no final do ano eu já estava totalmente integrado ao ambiente.
Tinha também o chá, que quando não estava com gosto ruim, melado ou sem gosto era bom (não era todo dia que era assim, pelo contrário). Pena que ele foi substituído pelo suco, na última semana. Ainda é difícil imaginar o Bandex sem o chá.
Da comida eu não costumava reclamar (também, depois de comer as gororobas que eu fiz é difícil encontrar comida ruim, apesar que às vezes o "Restaurante Central" conseguia). Sem contar os nomes daquilo que comíamos, um mais chique que o outro, coisa de restaurante de hotel cinco estrelas, como sempre comentava o Vannucci. Por mais que fosse um prato comum, você nunca leu no cardápio "lombo na banha do lombo"; era sempre lombo ao molho seiláoque.
Tudo bem que algumas coisas até hoje me dão pesadelos: a carne moída, o hambúrguer e o espaguete servido com espátula. É certo que não se pode exigir a perfeição por R$ 1,90 (R$ 2,00, quando o tio do caixa gatunava o troco).
Depois de um ano comendo no Bandejão é-me estranho ter que me servir, comer em prato, em mesa com toalha (limpa, ainda por cima!), num local iluminado, sem cachorros circulando ou desfile das gurias da enfermagem ou da bio.
Eu vejo na balança a falta que o Bandex me faz: quatro quilos em três semanas.
Caso eu não passe no vestibular este ano e me veja obrigado a enrolar (porque dizer fazer não é muito condizente com a realidade) mais um ano na psico, vou ter que fazer uma camiseta escrita "Eu ‘coraçãozinho’ Bandejão". Alguém aí me acompanha?

Pato Branco, 22 de dezembro de 2001