segunda-feira, 16 de junho de 2014

16 de junho: notícias sobre eventos extra-copa (ou quase) [Copa 2014 (toques)]

Se as notícias sobre protestos e coisas afins rareavam já no segundo dia de copa, o que não dizer no quarto? Protesto? Só se for contra os gols anulados do México. Claro, não é só isso que há nas atualizações dos meus amigos no Fakebook: apareceu uma notícia perdida falando da manifestação de metroviários, dia doze (porque depois, ao menos em São Paulo, só manifestações de alegria), e a repressão da Polícia Militar. A dúvida que me fica é: quem vai criticar a polícia, quem vai atacá-la? Afinal, ela impediu que meia dúzia de fascistas mascarados e metroviários em um movimento político estragassem a festa que o Brasil estava preparando para exportação; com isso protegeu a Dilma, essa ladra corrupta, petralha, poste do Lula, que vai tomar no cu! É sempre difícil ser coerente quando se pensa binariamente. Alguns amigos se justificavam por seu lapso político para torcer contra a Argentina. Outro, professor da história da Unicamp, contava seu pesadelo para 2022: Aécio prestes a passar a faixa para ACM Neto, em um país unido pelo futebol e Grande Imprensa, onde a polícia pode ser pacífica, porque não há questionadores da ordem. Ah, Sakamoto também não fala da copa, mas ler mais do mesmo, a polêmica pela polêmica, sem nada a acrescentar, dá uma preguiça... Na rua, um vendedor de loterias começa a xingar estrangeiros que esperam o sinal abrir - quebrando com nosso estigma do homem cordial, ainda mais um "homem do povo", mais cordial ainda na visão da nossa esquerda-Peter-Pan. Aqui é Brasil, não é o resto do mundo! A terceira economia do mundo! Volta pra tua terra! Aqui é Brasil! Viado! Vão tomar goleada! Tomar no cu! Por falar em cu, a direita-Castelo-da-Cinderela, depois de mostrar que a educação que lhe falta não diz respeito só à inteligência, agora reclama de discriminação por ser branca, européia, empreendedora e classe média - isso foi outra coisa que vi no Fakebook que não estava exatamente relacionado a copa. Por falar em copa, amanhã tem jogo da seleção, pra estragar meus planos.

São Paulo, 16 de junho de 2014.

sábado, 14 de junho de 2014

14 de junho: de virada! [Copa 2014 (toques)]


A Holanda ganhou! Cinco a um! De virada! A vida mais ou menos seguiu no seu habitual no sábado pós-início da Copa. A grande notícia era a vitória da Holanda sobre os atuais campeões e a possível mudança na tabela: Brasil e Espanha já nas oitavas. Pode ter sido impressão errada minha, mas achei que as pessoas falavam da partida e do resultado com boa dose de alegria - na cota do "falavam" incluam o Fakebook. De início estranhei aquele pachequismo seletivo: a revanche parecia ser não apenas holandesa, como também brasileira. Torcida pelo mais fraco? Não me parecia o caso - até porque ali estava difícil dizer de antemão qual a seleção menos boa. Então desconfiei que a comemoração pela derrota da Espanha era uma revanche por conta da Fúria ter tirado o título que era para ser do Brasil - e se esqueciam que a Holanda de Sneijder quem eliminara a família (narcísica) Dunga na África do Sul. Foi quando lembrei que durante o jogo – que eu escutara pelo rádio – narrador e comentaristas falavam das vaias insistentes da torcida toda vez que pegava a bola o Diego Costa, centro-avante brasileiro que trocou uma eventual convocação pela seleção canarinho pela naturalização e convocação para a Fúria, atual campeã do mundo. Um crime lesa-pátria, tendo em vista o grau de ufanismo da nossa população, principalmente a que freqüenta os estádios nesta copa, que não hesita em vestir a camisa e defender o Brasil de qualquer injúria – só que não. Vejo na internet que o famoso Diego Costa começou sua carreira no Atlético de Ibiúna, e depois de um ano nessa agremiação de relevância nacional, foi pras Europas e lá ficou – como boa parte dos jogadores da escrete canarinho, que eu, que não acompanho futebol internacional, nunca ouvi falar. E enquanto as comemorações pela vitória da Holanda aumentavam, o compartilhamento de notícias políticas no Fakebook rareava. Havia ainda aqueles que denunciavam repressão militar em outras praças e violências afins, contudo a copa parecia vencer os recalcitrantes. De virada.

São Paulo, 14 de junho de 2014.