Se as notícias sobre
protestos e coisas afins rareavam já no segundo dia de copa, o que não dizer no
quarto? Protesto? Só se for contra os gols anulados do México. Claro, não é só
isso que há nas atualizações dos meus amigos no Fakebook: apareceu uma notícia
perdida falando da manifestação de metroviários, dia doze (porque depois, ao
menos em São Paulo, só manifestações de alegria), e a repressão da Polícia
Militar. A dúvida que me fica é: quem vai criticar a polícia, quem vai
atacá-la? Afinal, ela impediu que meia dúzia de fascistas mascarados e
metroviários em um movimento político estragassem a festa que o Brasil estava
preparando para exportação; com isso protegeu a Dilma, essa ladra corrupta,
petralha, poste do Lula, que vai tomar no cu! É sempre difícil ser coerente
quando se pensa binariamente. Alguns amigos se justificavam por seu lapso
político para torcer contra a Argentina. Outro, professor da história da
Unicamp, contava seu pesadelo para 2022: Aécio prestes a passar a faixa para ACM Neto,
em um país unido pelo futebol e Grande Imprensa, onde a polícia pode ser pacífica,
porque não há questionadores da ordem. Ah, Sakamoto também não fala da copa,
mas ler mais do mesmo, a polêmica pela polêmica, sem nada a acrescentar, dá uma
preguiça... Na rua, um vendedor de loterias começa a xingar estrangeiros que
esperam o sinal abrir - quebrando com nosso estigma do homem cordial, ainda
mais um "homem do povo", mais cordial ainda na visão da nossa
esquerda-Peter-Pan. Aqui é Brasil, não é o resto do mundo! A terceira economia
do mundo! Volta pra tua terra! Aqui é Brasil! Viado! Vão tomar goleada! Tomar
no cu! Por falar em cu, a direita-Castelo-da-Cinderela, depois de mostrar que a
educação que lhe falta não diz respeito só à inteligência, agora reclama de discriminação
por ser branca, européia, empreendedora e classe média - isso foi outra coisa
que vi no Fakebook que não estava exatamente relacionado a copa. Por falar em
copa, amanhã tem jogo da seleção, pra estragar meus planos.
São Paulo, 16 de junho de 2014.
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