sábado, 8 de julho de 2006

Andando no fio da navalha e pondo a carreira de crítico de arte em perigo

Se tem um dos dinossauros do róque brasileiro que ainda me surpreende é o Frejat. Sim, sei que minha carreira de crítico de arte periga perigosamente ao admitir isto, uma vez que crítico de arte não pode ter humildade, e o que faço agora não é apenas me humilhar, digo, ter humildade, mas admitir que mesmo já tendo mais de uma década de experiência, continuo sendo um ingênuo imbecil.
Dúvida tostines: sou imbecil, daí decorre minha ingenuidade; ou sou ingênuo e daí vem minha imbecilidade?
Pois bem. A grande dúvida que pode cair sobre a cabeça de alguém que pensa e tem saco para ler as merdas que escrevo (será que pensa mesmo?) só pode ser: como é possível alguém se surpreender com um poeta de versos tão profundos quanto “eu viveria em greve de fome”, “quando você ficar triste que seja por um dia e não o ano inteiro” ou “procuro um amor que seja bom para mim”??? Mas minha surpresa não ficou por conta das letras (por sinal, ainda é um segredo a ser desvendado como Frejat consegue condensar tanto chavão e besteira em uma música só, como em “segredos”), mas da música. Ou seja, ao dizer isto afirmo que sou mais imbecil do que posso ter parecido de início. Trata-se da versão de “tente outra vez”, do Raul Seixas.
Deixemos de lado a discussão se a letra e a música original são boas ou não, pois isso não é importante (eis aqui um sinal de que minha veia de crítico de arte segue viva!). Boas ou não, não é das músicas que fazem as pessoas correrem para o banheiro com ânsia de vômito. A alguns pode irritar, cansar, dar raiva. Mas a versão do Frejat, mais do que irritar, cansar, dar raiva, dar ânsia de vômito (às vezes chegando às vias de fato), é um convite ao suicídio, um perigo de saúde pública! Não sei como são as capas dos discos do sujeito, mas espero que as autoridades exijam que elas tenham avisos sobre os efeitos nocivos que escutar aquelas músicas podem trazer à saúde psíquica e ao desenvolvimento cognitivo das pessoas.
Em tempo: fico imaginando que letal arma de guerra não pode sair se um dia se encontrarem Frejat e a tal de Isa K.! E com este alerta, ao qual a ONU deve prestar muita atenção, encerro mais uma crítica de arte. Fim.

Campinas, 08 de julho de 2006

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