Quem conhece Ribeirão sabe quão irônico é a cidade ter corridas de automóveis – como São Paulo, por sinal. A cidade fica a cada dia mais estagnada... não no tempo, mas no trânsito, mesmo. Nada diferente de outras cidades do país, apenas um pouco mais grave, por conta da altíssima proporção de carros por habitante e as vias estreitas do centro – e que o transporte público, de péssima qualidade, é falta de opção, e não uma opção.
Mas o que me assustou nessa prova de rua foi um vídeo, divulgado em março ou abril, tanto no blogue do Seixas quanto na página do Tázio. Nesse vídeo, um altruísta morador de Ribeirão, Sérgio Campos Gonçalves, munido de uma mapa com o futuro trajeto, de um carro e de uma câmera, deu uma volta pelo circuito de rua de Ribeirão. Disse que, para fazer o filme, respeitou todas as leis de trânsito; não vou duvidar disso.
Porém me questionei quantas pessoas outras não se animaram com o trajeto e resolveram brincar de pilotos pelas ruas da cidade, aí sem respeitar limites de velocidade, leis de trânsito ou princípios de bom senso. Diante disso, questiono: uma coisa é prova de automóveis em um autódromo, local designado para isso, para testar limites de velocidade. Outra é prova de rua num país conhecido por ser um dos mais violentos no trânsito. Se a primeira pode passar a idéia de que piloto é uma coisa, motorista é outro; a segunda serve de estímulo aos milhares de Ayrtons Sennas das nossas ruas, rodovias e marginais.
Alguns terão a mesma sorte do ídolo, em uma Tamburello qualquer, sem nome. E nessas horas, o que nos cabe é torcer que, como o falecido tri-campeão, não levem mais ninguém com sua imprudência estimulada por nossos governantes.
Um brinde!