Felizmente a ocupação da reitoria da Unicamp por parte dos alunos teve um fim rápido e “feliz”. O reitor, pego de surpresa, não se utilizou do mando de reintegração de posse e da truculência policial, optando por negociar. A vitória rápida dos estudantes, que conseguiram que todas as suas reivindicações fossem atendidas, deve antes de momentos de alegria e discursos de “basta nós nos unirmos que nós conseguimos”, ou gritos de guerras infanto-juvenis “quem disse que sumiu? Aqui está presente o movimento estudantil”, despertar uma séria desconfiança quanto a esse movimento.
Não se pode dizer que foi uma vitória de Pirro, mas quanto pode ter custado a ocupação da reitoria? Creio que o reitor se surpreendeu com a ocupação primeiro porque não houve tentativa de conversa anterior quanto às casas da moradia, conforme me atestaram alguns estudantes que iam de sala em sala, explicando “o que estava acontecendo”; segundo porque a pauta dos RDs vinha sendo discutida há tempos, e caminhava para a solução desejada pelo DCE, conforme atesta panfleto distribuído pelo DCE no fim de 2006; terceiro porque um dos pontos da pauta era esdrúxulo, ridículo e mostrava a completa desinformação do movimento quanto às posturas do reitor, que já havia declarado publicamente contrário às medidas do Serra, divulgado, inclusive, um artigo questionando e se opondo aos “atos do governo Serra” (Folha de São Paulo, 1 de fevereiro de 2007).
E o que significa a vitória da ocupação? Sobre as casas condenadas da moradia, conseguiu que a reitoria aceitasse o bom-senso pedido pelos alunos, algo que não me parece difícil de conseguir se se sentasse para conversar; dos RDs a reitoria aceitou que no próximo Consu esse ponto voltasse à pauta – ponto que foi retirado do último Consu justo por causa da ocupação –; por fim, o movimento também conseguiu que o reitor se comprometesse a dizer o que já tinha dito. O único ponto que realmente só foi conseguido por causa da ocupação da reitoria foi a saída da coordenadora da moradia, a professora Kátia Stancato. Ponto este também questionável, pois havia meios internos para se conseguir isso que não foram tentado – conforme comentou o professor Lourenço, após ter conversando com alguns alunos que expunham “o que estava acontecendo”.
Como eu já havia dito em outra ocasião, a ocupação da reitoria foi um ato despropositado, uma medida drástica completamente desnecessária então. Não houve tentativa de conversa dos alunos quanto ao seu ponto principal – as casas condenadas –, o que desligitima a partir de agora qualquer reclamação do tipo “a reitoria não aceita/não se dispõe a conversar”. Se o movimento estudantil também não se dispõe a conversar, como reclamar isso do reitor? Ocupar o gabinete do único reitor que se posicionou contra os atos do governo Serra é um contra-senso que não merece maiores comentários. E usar de tal medida drástica por tão pouco (no fundo, a única pauta radical era a saída da Kátia), em um momento em que são grandes as possibilidades de uma greve desgastante é desperdiçar um poder de fogo muito grande, que pode fazer diferença num futuro próximo. Ou os alunos acham que se passarem a ocupar a reitoria todo mês vão ter sempre um caminhão da rede Record acompanhando, como se gabavam de contar? A primeira ocupação é novidade, a segunda é circo. Mostrar que uma segunda ocupação é também um ato político dependerá de fortes argumentos e justificativas, coisas que movimento estudantil organizado da Unicamp se mostra completamente incapaz.
Bater na Kátia é fácil, trata-se de peixe miúdo. Serve para inflar o ego e perder (ainda mais) a noção da força do movimento estudantil. E na hora de bater em Serra, Pinotti e Chaves (por sinal, a maioria dos estudantes que participaram da ocupação devem estar bem informados sobre quem é Eduardo Chaves, óbvio, pois não participaram da ocupação só por oba-oba), quatro dias de prato requentado serão suficiente para causar qualquer aos donos do poder?
Campinas, 01 de abril de 2007
Não se pode dizer que foi uma vitória de Pirro, mas quanto pode ter custado a ocupação da reitoria? Creio que o reitor se surpreendeu com a ocupação primeiro porque não houve tentativa de conversa anterior quanto às casas da moradia, conforme me atestaram alguns estudantes que iam de sala em sala, explicando “o que estava acontecendo”; segundo porque a pauta dos RDs vinha sendo discutida há tempos, e caminhava para a solução desejada pelo DCE, conforme atesta panfleto distribuído pelo DCE no fim de 2006; terceiro porque um dos pontos da pauta era esdrúxulo, ridículo e mostrava a completa desinformação do movimento quanto às posturas do reitor, que já havia declarado publicamente contrário às medidas do Serra, divulgado, inclusive, um artigo questionando e se opondo aos “atos do governo Serra” (Folha de São Paulo, 1 de fevereiro de 2007).
E o que significa a vitória da ocupação? Sobre as casas condenadas da moradia, conseguiu que a reitoria aceitasse o bom-senso pedido pelos alunos, algo que não me parece difícil de conseguir se se sentasse para conversar; dos RDs a reitoria aceitou que no próximo Consu esse ponto voltasse à pauta – ponto que foi retirado do último Consu justo por causa da ocupação –; por fim, o movimento também conseguiu que o reitor se comprometesse a dizer o que já tinha dito. O único ponto que realmente só foi conseguido por causa da ocupação da reitoria foi a saída da coordenadora da moradia, a professora Kátia Stancato. Ponto este também questionável, pois havia meios internos para se conseguir isso que não foram tentado – conforme comentou o professor Lourenço, após ter conversando com alguns alunos que expunham “o que estava acontecendo”.
Como eu já havia dito em outra ocasião, a ocupação da reitoria foi um ato despropositado, uma medida drástica completamente desnecessária então. Não houve tentativa de conversa dos alunos quanto ao seu ponto principal – as casas condenadas –, o que desligitima a partir de agora qualquer reclamação do tipo “a reitoria não aceita/não se dispõe a conversar”. Se o movimento estudantil também não se dispõe a conversar, como reclamar isso do reitor? Ocupar o gabinete do único reitor que se posicionou contra os atos do governo Serra é um contra-senso que não merece maiores comentários. E usar de tal medida drástica por tão pouco (no fundo, a única pauta radical era a saída da Kátia), em um momento em que são grandes as possibilidades de uma greve desgastante é desperdiçar um poder de fogo muito grande, que pode fazer diferença num futuro próximo. Ou os alunos acham que se passarem a ocupar a reitoria todo mês vão ter sempre um caminhão da rede Record acompanhando, como se gabavam de contar? A primeira ocupação é novidade, a segunda é circo. Mostrar que uma segunda ocupação é também um ato político dependerá de fortes argumentos e justificativas, coisas que movimento estudantil organizado da Unicamp se mostra completamente incapaz.
Bater na Kátia é fácil, trata-se de peixe miúdo. Serve para inflar o ego e perder (ainda mais) a noção da força do movimento estudantil. E na hora de bater em Serra, Pinotti e Chaves (por sinal, a maioria dos estudantes que participaram da ocupação devem estar bem informados sobre quem é Eduardo Chaves, óbvio, pois não participaram da ocupação só por oba-oba), quatro dias de prato requentado serão suficiente para causar qualquer aos donos do poder?
Campinas, 01 de abril de 2007