Achei ambas ideias ótimas e super apoiei a quiropraxia quando Macedo se decidiu por ela, por mais que nunca que pretenda me aventurar por tal senda (nem com reiki, nem com sanguessugas, diga-se de passagem), visto que tenho certa agonia a estalos corporais - o que ainda causa sérias desavenças entre mim e meu Brotinho, que alega se excitar com esses “momentos de crocância”, como ela diz. Na verdade, o apoio se deu mais porque não aguentava mais ele se queixando - que se resolva ou sofra em silêncio!, pensei e não disse, mas agora ele vai saber, ao ler este texto.
Sigamos. A indicação de Meireles era cara e Macedo já pensava em desistir quando numa busca rápida pela internet achei um que havia perto do trabalho e por um bom preço. Decidiu ir logo após o almoço.
Estávamos compenetrados trabalhando (leia-se estávamos fingindo que trabalhávamos enquanto fazíamos algo importante, como conversar por whats ou ler notícias, esperando dar a hora do sextou libertador, ou meio libertador, ilusão de libertação, auto-engano de alguma alegria, aquela sensação de breve respiro, que seja, das duas noites até o próximo dia de labuta). Retomo que me perdi no parêntesis e acho que a desocupada leitora, o desocupado leitor também. Estávamos compenetrados trabalhando quando Macedo retoma com cara de poucos amigos, andando torto. Mas não o andando torto de arqueado, e sim de pés meio de lado, estava estranho, muito estranho, um torto de carro bem mal regulado, de cachorro cujas patas traseiras são mais rápidas e por isso precisa andar com elas ao lado do corpo.
E aí, passou a dor? - perguntou Meireles, fingindo ignorar o estranho jeito que nosso colega se movimentava e mesmo sentava.
Passar, passou, mas agora estou com as costas travadas assim, tendo que andar feito um Curupira de 90 graus.
Meireles não soube explicar o que houve - nós menos ainda -, apenas disse que isso nunca tinha acontecido com o quiropraxista, quiroprático, quiróprago dela. Mas antes de dar a deixa para que Macedo começasse a se queixar, viu a coisa pelo lado bom - ao menos havia parado de doer -, e discordou dele que estava um Curupira de 90 graus, pois ainda estava agudo, iniciando assim a importante discussão de a quantos graus estava nosso colega. Os observadores externos concluimos que devia ser algo em torno de 45 graus - quem sabe até menos. Decidido isso, voltamos todos a ficar compenetrados em nossos trabalhos, comemorando silenciosamente que é sexta-feira e quem vai ter que aguentar Macedo maldizendo o quiroqualquer coisa no final de semana é a Senhora Maceda, não nós.