Enfim, a crise se deu por conta do Tilt Test, relatado em minha última crônica. Mais especificamente, a quem escolhi como acompanhante para o exame. Ou melhor, por não ter escolhido os demais para serem meu acompanhante no exame - exceção feita ao Desembargador, que sairia de férias dali dois dias e tinha que deixar alguns quiproquós em dia, para poder voltar na maciota.
Notei que Carnegie andava um tanto lacônico e parecia arredio para com minha pessoa. Primeiro achei que fosse da minha cabeça, mas como seguia nessa toada, resolvi perguntar ao Macedo o que teria acontecido com nosso nobre colega.
Não conta para ninguém, mas ficou um climão, um ciúmes geral de você ter me chamado para ser seu acompanhante.
Mas que raios de ciúmes é esse?
Foi um turno inteiro que pude descansar, pôr minhas leituras em dia, sendo que eu tinha sido o último a sair de férias.
Eu te chamei porque você mora do lado do local do exame!
Sim, levantei essa hipótese para eles...
Eles?!
Ah, sim, você não notou nada de diferente com Meireles e Goreti?
Notei, mas achei que não fosse nada.
Eles aceitaram mais de boa o argumento da proximidade da minha morada, o Carnegie segue chateado, enciumado.
Em particular, conversei com Carnegie, que negou qualquer incômodo e disse que eu quem via coisas. Mais tarde, convoquei os colegas para uma reunião no bar, na sexta, para decidirmos critérios de escolha ou mesmo uma escala de acompanhantes para exames futuros no setor - e ele foi um dos mais entusiasmados com o tópico. Sinto que não foi sincero comigo ao se dizer de boa.
15 de abril de 2024
PS: Este é um texto ficcional, teoricamente de humor. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. A imagem também é ilustrativa.