Nota-se a importância de alguém pela falta que faz quando está ausente. Lembro de quando tirei trinta dias seguidos de férias. Quando voltei, na segunda-feira, a colega Bella me viu, fez cara de estranhamento e perguntou:
Você não veio quinta e sexta da semana passada, veio?
Pois é, trinta dias ausente para acharem que eu tinha pego um atestado curto.
Apesar que, pensando bem, também dá para notar a ausência de alguém pelo alívio que traz. Pelo visto, não é meu caso; e não vou citar exemplos, mas quem me lê assiduamente (sim, tenho desocupadas e desocupados leitoras e leitores) sabe a quem me refiro, ao menos algumas dessas pessoas.
Por respeito às férias de meus colegas, evito mandar qualquer tipo de mensagem, até para que a pessoa não se lembre que sou também um colega de trabalho e, portanto, ele tem emprego e que uma hora as férias acabam - sempre cedo, muito mais cedo do que deveria. E costumo esperar a recíproca. Pois tem quem não se aguente - e nem falo de Robervals com sua culpa cristã, por roubar os bombons que eu nem sabia que tinha ganhado. Pouco antes das onze, Macedo me manda uma mensagem indignado (do jeito que ele consegue se indignar), pois Gambitto, o golden boy do setor e aspirante a novo Doutor Sabujinho, havia perguntado se ele iria participar da reunião (on line) da tarde. “Completa falta de noção”, foi minha resposta. Pouco antes da uma, ele me manda nova mensagem, ainda mais indignado: agora era a chefe perguntando se ele iria participar da reunião. Sem saber o que dizer, me restringi a dizer “Completa falta de noção, nível superior hierárquico. Você está de férias!”.
Como ele havia dado abertura, achei que poderia mandar algo também, e no meio da tarde enviei uma postagem engraçada do instagram, que tinha a ver com ele (enviei pelo whats, pois sei que não abre o chat do insta). Seria só hoje, depois voltaria a meus princípios de classe e não o lembraria de que eu existo. A resposta dele foi desoladora:
Depois vejo, agora estou em reunião.
13 de maio de 2025
Este é um texto ficcional (a imagem também), teoricamente de humor. Não há nada para além do texto. Qualquer semelhança com a vida real é uma impressionante coincidência, ou fruto da sua mente viciada que quer pôr tudo em formas pré-definidas
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