Depois de dois anos de negociações, palestinos e israelenses devem assinar um virtual acordo de paz no dia 4 de novembro. Infelizmente os israelenses que assinarão tal acordo não são os que estão no poder, e sim a esquerda. Uma pena, sem dúvida, já que todo esforço pela paz – desde que não resulte em guerra ou retaliações – deve ser elogiado. Não sou entendido no assunto Oriente Médio, meu conhecimento se resume aos jornais diários, algumas aulas no cursinho e alguns trechos de livros que abordavam de uma forma ou de outra o problema. Mas aos olhos de um leigo, a proposta parece muito boa.
O acordo prevê a criação do Estado Palestino. Apenas 2% da faixa de Gaza continuaria em poder de Israel, que compensaria o Estado Palestino cedendo parte do deserto de Negev. Dos mais de cem assentamentos na Cisjordânia, apenas 20 ficariam do lado israelense. Os demais e todos os da faixa de Gaza seriam desmantelados. Jerusalém seria dividida pela fronteira estabelecida internacionalmente. As áreas de maiorias árabes sob controle dos palestinos e as judaicas, dos israelenses. Apenas a área de Har Homa, de maioria judaica mas no lado árabe (oriental) da cidade, seria esvaziada por Israel. A parte antiga de Jerusalém também seria dividida. A porção judaica e o muro das Lamentações continuariam com Israel e as demais seriam parte e a mesquita de Al Aqsa passariam para o Estado palestino.
Quanto aos refugiados palestinos, esta seria a principal concessão palestina: eles teriam três opções: permanecer no país onde vivem, com direito a uma compensação; viver no Estado Palestino, ou tentar ir para Israel, mas precisariam de autorização do governo para isso.
E a direitona que está no poder, o que achou do acordo simbólico? Disseram que o plano fere os interesses nacionais israelenses e chega a arriscar a segurança do país.
Nas palavras do vice-premiê israelense, Ehud Olmert: "É inacreditável que esse bando de irresponsáveis assine um acordo que prevê a entrega de lugares sagrados em troca de algo [a renúncia ao direito de retorno] que talvez eles não cumpram". Com essa mentalidade e, mais ainda, com essa confiança no outro, a paz vai longe, longe do Oriente Médio.
Pato Branco, 14 de outubro de 2003
O acordo prevê a criação do Estado Palestino. Apenas 2% da faixa de Gaza continuaria em poder de Israel, que compensaria o Estado Palestino cedendo parte do deserto de Negev. Dos mais de cem assentamentos na Cisjordânia, apenas 20 ficariam do lado israelense. Os demais e todos os da faixa de Gaza seriam desmantelados. Jerusalém seria dividida pela fronteira estabelecida internacionalmente. As áreas de maiorias árabes sob controle dos palestinos e as judaicas, dos israelenses. Apenas a área de Har Homa, de maioria judaica mas no lado árabe (oriental) da cidade, seria esvaziada por Israel. A parte antiga de Jerusalém também seria dividida. A porção judaica e o muro das Lamentações continuariam com Israel e as demais seriam parte e a mesquita de Al Aqsa passariam para o Estado palestino.
Quanto aos refugiados palestinos, esta seria a principal concessão palestina: eles teriam três opções: permanecer no país onde vivem, com direito a uma compensação; viver no Estado Palestino, ou tentar ir para Israel, mas precisariam de autorização do governo para isso.
E a direitona que está no poder, o que achou do acordo simbólico? Disseram que o plano fere os interesses nacionais israelenses e chega a arriscar a segurança do país.
Nas palavras do vice-premiê israelense, Ehud Olmert: "É inacreditável que esse bando de irresponsáveis assine um acordo que prevê a entrega de lugares sagrados em troca de algo [a renúncia ao direito de retorno] que talvez eles não cumpram". Com essa mentalidade e, mais ainda, com essa confiança no outro, a paz vai longe, longe do Oriente Médio.
Pato Branco, 14 de outubro de 2003