terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Relato de viagem 11

El Calafate foi de certo modo nosso último dia de viagem: o que nos resta agora é a volta, sem nenhuma nova novidade. El Calafate, assim como El Chaltén e toda essa área dos Andes que sobe até "Brasiloche", mais do que turística é um buraco negro pecuniário. Tudo muito caro, a começar pela locomoção: os 250km de Chaltén a Calafate saem AR$ 50, os 1500km de Buenos Aires a Puerto Madryn em serviço similar, AR$ 90. Uma pena, pois isso nos custou a volta pela Ruta 40, que prometia ser muito interessante e bonita.
Mas vamos a El Calafate. Em El Calafate, além de tudo ser caro, tudo é longe, ou seja, tudo é pago; não há caminhadas por conta, como em El Chaltén (salvo pelas ruas que vendem lembrancinhas caras). Diante disso - e do nosso esgotamente físico e pecuniário - ficamos com o básico do básico: o glaciar Perito Moreno.
O referido glaciar é como um rio de gelo, que se desce das montanhas (várias) e se desloca a dois metros por dia. Ele tem modestos 55m de altura e 14km de extensao (sem contar a parte que sobe as montanhas). É realmente impressionante (e não parece ter 14km). Continuamente o glaciar desprende blocos de gelos - alguns bem grandes - que fazem um grande estrondo ao cair na água (geralmente abafado pelos gritos dos turistas imbecis). Visto de cima o glaciar parece feito de chatili. De baixo, de espuma. E dependendo do ângulo que se vê, a luz do sol faz com que partes do glaciar (que é branco-leite) ganhe um tom azul-neon.
Muito bonito, impressionante, mas talvez por estarmos cansados, talvez por não termos a oportunidade de ficarmos em silêncio com a paisagem, talvez por não ter alguns milhões de anos para imaginarmos, o glaciar não chegou a fascinar. Mas valeu a pena.
Agora é a volta, buscar algo novo no que não é mais novidade.
Puerto Madryn, 14 de fevereiro de 2006

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Relato de viagem 10

Isto merece um relato: como comprar a passagens Calafate-Madryn.
Antes de irmos a Chaltén já havíamos tentado comprá-la. O guichê informava os horários de atendimento: 10h as 15h, 17 as 22h e 1h as 4h. Fomos as 17h30min e depois de 45min me acotovelando em frente ao guichê (pois aqui fila não é algo corriqueiro), descobri que só poderia comprar a passagem para depois das 19h, sendo que nosso ônibus saía as 18h30min. Deixamos para a volta.
Na volta, eram 11h e o guichê ainda não havia abrido. Sorte nossa que passávamos em frente quando abriu, de modo que fomos os primeiros (havia duas pessoas pedindo informações na nossa frente, o que não levou cinco minutos). Pois bem, primeiro passo para comprar a passagem: dizer para onde queremos ir, para o atendente ligar para a agência em Rio Gallegos ver se há lugar. Segundo passo: escrever nosso nome e identidade em um papel, para o atendente enviá-los via sms (sim, via recados de celular!). Terceiro: o atendente escreve nossos dados em um formulário. Quarto passo: vamos ao guichê ao lado (de outra empresa) com o formulário, enfrentar outra "fila" para retirar a passagem até Rio Gallegos. Quinto: Passagem na mão, voltamos para o guichê inicial, enfrentamos outra vez a "fila", que agora está pior, para receber outro formulário, novamente preenchido a mão, para retirar a passagem quando chegarmos em Rio Gallegos. Tempo total: 1h10min!!!! (e olha que tivemos sorte de sermos os primeiros!). Haja incompetência!
Rio Gallegos, 13 de fevereiro de 2006