quinta-feira, 25 de julho de 2002

A criminalidade como piada no horário eleitoral

Está começando o Febeapá eleitoral! Se nas eleições passadas já havia políticos que gostavam de mostrar todos os perigos da criminalidade, para depois apresentar soluções, esta eleição é um prato cheio para eles: os perigos da criminalidade são apresentados exaustivamente pelos meios de comunicação, cabendo a eles entrar apenas com as soluções.
E que soluções, diga-se de passagem! Soluções estapafúrdias, risíveis umas, perigosas outras. A mais assustadora que vi até agora é a da redução da idade penal, com perigo extra agora que há o exemplo francês.
Por outro lado, duas outras idéias que têm sido bastante divulgadas são piadas: a pena de morte e o fim do limite de 30 anos de pena. A primeira é uma piada de mal-gosto, afinal pena de morte há muito tempo é praticada no Brasil, faz a polícia ou os próprios presos. Caso aprovada, creio que poucos crimes estatais seguirão os trâmites legais, a maioria deve ocorrer como hoje. Mas se o efeito para conter a criminalidade é nulo, a classe média gosta, e isso é o importante.
A segunda proposta, e os argumentos dos seus defensores, é uma anedota completa: o ladrão, se já condenado aos 30 anos, qualquer crime cometido depois será como “brinde para o bandido”. Uma curiosidade que me aflige: como é que alguém condenado a 30 anos de prisão tem a oportunidade de cometer outro crime? E será que depois de receber uma condenação de 30 anos eles vai hesitar ao cometer outro crime, com medo de ter sua pena esticada mais dez anos?
Descartamos dessas propostas o problema de onde empilhar esses presos todos, e o custo de cada um para o estado.
Acho que não devo estar certo, se é que não estou redondamente enganado, mas polícia e prisão estão longe de ser prioridade, são antes acessórios; a criminalidade se reduz com educação, lazer, emprego e salário. O resto é conversa para boi dormir (e para ludibriar eleitor).

Pato Branco, 25 de julho de 2002

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