Antes do jogo Guarani e Corinthians, a PM perseguiu alguns torcedores. Não sei se estavam vandalizando ou se eram suspeitos de poderem vandalizar. Na perseguição, a viatura se chocou com um carro que estava estacionado e cujo dono trabalhava no desmonte das barracas da feira da praça do Centro de Convivência, em bairro nobre de Campinas. O dono do carro e seus amigos pararam de trabalhar e foram reclamar com os PMs sobre o carro batido.
Logo mais 5 viaturas chegaram ao local (estavam em 7 agora). O grupo foi até os recém chegados reclamar dos colegas. Não só pelo carro batido, como pela boca inchada de um e o braço com hematoma do outro. Falavam indignados, ainda que sem faltar com o respeito. A polícia mandou circular. Seguiram parados. Cerca de cinco PMs cercaram o dono do carro. Algemaram-no. A "platéia", saída do teatro para ver o que acontecia, reclamou. "Vai preso por desobediência". Uma funcionária do teatro interveio. Em vão. Já algemado, o rapaz levou dois tapas na orelha (que eu vi). Como ali não havia louco, ninguém tentou saber o nome do PM que agrediu a pessoa, até porque reclamar para quem? Para corregedoria da PM, que abrirá um IPM que não fechará nunca e o denunciante ficar com medo de represálias? O grupo de trabalhadores, misturado à platéia, seguia reclamando da ação. "Vem aqui e fala na cara, se for homem", desafiou um policial, na hombridade da sua farda. O rapaz mais exaltado, pedra de gelo junto ao lábio, não foi. Finalmente o dono do carro foi levado à delegacia e o grupo voltou ao trabalho, agora sim com qualificativos desrespeitosos aos mantenedores da ordem (e sabe-se lá de que lei).
Fiquei ainda um tempo ali. Indignado com a cena e horrorizado ao me dar conta de que não há para onde fugir. Pelo menos dentro do nosso Estado de Direito. Na ditadura Chico pedia para chamarem o ladrão. Seria isso recomendável em tempos de PCC? Nessa hora, temi por não ver alternativas.
Publicado em: www.institutohypnos.org.br
Sem comentários:
Enviar um comentário