Dia desses, no ônibus para a Unicamp, vi que o cara ao meu lado era amigo de um garanhão arrasa corações. No mesmo trajeto, em outro dia, soube que o namorado – provavelmente já ex – da moça uns três bancos atrás era um baita de um cafajeste, que tinha traído ela com não sei quem, com não sei quantas. Como não fiquei com inveja do garanhão, também não me condoí pela moça.
Já teve um dia, era final de semestre, que acompanhei os últimos detalhes do cruzeiro que o rapaz ia fazer com a avó (que se tratava de um cruzeiro eu só soube quando ele contou aos amigos que bandejavam com ele).
O quadrinista Alan Sieber certa feita reclamou que tinha o azar de toda sessão de cinema em que ia, a sala estar cheia de bombeiros e enfermeiras, que não podiam desligar seus aparelhos por uma hora e meia.
Pior foi a vez que um médico atendeu ao celular durante a consulta. Três vezes! Eu bem já andava desgostando dele – que era meu médico há uns quatro anos –, e isso no máximo precipitou as coisas. Bom para mim, que passei a freqüentar meu atual homeopata, excelente. De qualquer forma, com sorte ou não, julguei e sigo julgando uma falta de educação dele. E acredito que a recíproca dos médicos para com os pacientes seja verdadeira.
Como também falta de educação acho em ficar sabendo dos detalhes das vidas alheias, sem que eu tenha o menor interesse. Sei que celular é estranho, a gente acaba gritando, mesmo que isso não seja necessário. Porém, faz um tempinho que o aparelho está na mão de (quase) todo mundo, já era hora para se ter uma certa etiqueta no uso dos trambolhinhos, regrinhas elementares para evitar o seu uso anti-social, sem precisar esperar a Glória Kalil escrever, quem sabe, um livro sobre – um “Chiq Celular”.
Enquanto isso, sigo com meu sonho de ter um aparelho que você aperta um botão – e tchum! – interrompe-se o sinal de celular pelo entorno por míseros vinte segundos, o suficiente para a ligação cair.
Pato Branco, 26 de julho de 2010.
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