Como o interesse pela Copa, e todas as discussões que ela acarretava – técnico, imprensa, craques, refeições dos jogadores, etc –, acabou mais cedo, a imprensa foi em busca de notícias com que rechear a monotonia do dia a dia das cidades.
Teria as enchentes no nordeste. Contudo, além de enchente ser algo um tanto rotineiro nestes tristes trópicos, já era notícia velha, por mais que tenha ficado em enésimo plano frente os guerreiros rumo ao hexa. Haveria as eleições, porém ainda está longe a data de votar, que é quando o assunto vira papo nas esquinas e merece destaque.
Mas eis que a imprensa conseguiu juntar três das principais paixões do país: futebol, sede de sangue e espírito de justiça. Desde 2008 ela vinha tentando criar um novo caso Isabela, mas não encontrava um que emplacasse, por mais que tentasse repetir os elementos. Pelo visto, o caso do goleiro Bruno será assunto para longos e acalorados debates sobre o quanto ele é culpado e o quanto deve ser punido. A imprensa fará a festa, com aumento da sua audiência, os apresentadores policiarescos babarão de alegria, e o povo se ocupará com esse esporte sub-lúdico que só perde em preferência, ao que tudo indica, para o futebol.
Receita de furo jornalístico-policial de sucesso:
Em um programa jornalístico pretensamente sério, junte uma criança com uma morte mal resolvida (pode ser da criança ou não) e reserve. Ao mesmo tempo, coloque os suspeitos para negar relação com o crime. Junte os dois com uma pitada de investigação, ou algo que se pareça com, preferencialmente com reconstituição do crime (estes ingredientes darão o toque CSI do prato, que faz com que seja um sucesso). Depois de rápido aquecimento do caso, salteio os ex-suspeitos, agora criminosos, com doses de discurso de “direitos humanos para humanos direitos”. Manifestações e gritos de “assassinos” dão um tempero extra – desde que devidamente televisados, claro. Além de políticos e Datenas, pode-se acrescentar religiosos ou filósofos para justificarem a pena capital.
Está pronto para servir o caso. Necessário que seja servido quente, pois assim que esfria perde a graça e se torna necessário achar um novo bode expiatório para nossa vidinha miserável.
Campinas, 09 de julho de 2010.
Teria as enchentes no nordeste. Contudo, além de enchente ser algo um tanto rotineiro nestes tristes trópicos, já era notícia velha, por mais que tenha ficado em enésimo plano frente os guerreiros rumo ao hexa. Haveria as eleições, porém ainda está longe a data de votar, que é quando o assunto vira papo nas esquinas e merece destaque.
Mas eis que a imprensa conseguiu juntar três das principais paixões do país: futebol, sede de sangue e espírito de justiça. Desde 2008 ela vinha tentando criar um novo caso Isabela, mas não encontrava um que emplacasse, por mais que tentasse repetir os elementos. Pelo visto, o caso do goleiro Bruno será assunto para longos e acalorados debates sobre o quanto ele é culpado e o quanto deve ser punido. A imprensa fará a festa, com aumento da sua audiência, os apresentadores policiarescos babarão de alegria, e o povo se ocupará com esse esporte sub-lúdico que só perde em preferência, ao que tudo indica, para o futebol.
Receita de furo jornalístico-policial de sucesso:
Em um programa jornalístico pretensamente sério, junte uma criança com uma morte mal resolvida (pode ser da criança ou não) e reserve. Ao mesmo tempo, coloque os suspeitos para negar relação com o crime. Junte os dois com uma pitada de investigação, ou algo que se pareça com, preferencialmente com reconstituição do crime (estes ingredientes darão o toque CSI do prato, que faz com que seja um sucesso). Depois de rápido aquecimento do caso, salteio os ex-suspeitos, agora criminosos, com doses de discurso de “direitos humanos para humanos direitos”. Manifestações e gritos de “assassinos” dão um tempero extra – desde que devidamente televisados, claro. Além de políticos e Datenas, pode-se acrescentar religiosos ou filósofos para justificarem a pena capital.
Está pronto para servir o caso. Necessário que seja servido quente, pois assim que esfria perde a graça e se torna necessário achar um novo bode expiatório para nossa vidinha miserável.
Campinas, 09 de julho de 2010.
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