Tendo as aulas na UFABC
começado, finalmente, pude voltar a bandejar – atividade que não
realizava desde janeiro, quando me desliguei da Unicamp. Além de
bandejar ter seus interesses sociais – que seja ver o movimento –,
há, é claro, a questão financeira, a enorme economia que
representa. Em uma semana de bandejão na UFABC gasto o equivalente a
um almoço nas quebradas em que vinha almoçando um P.F. (se não ia
a um por quilo, onde gastava mais). É certo, eu poderia ter
economizado nesses quatro meses de São Paulo-sem-bandejão
cozinhando em casa. Porém, além da preguiça e da atual falta de
inspiração culinária, o fogão de casa é um tanto
paciente – ou ao menos exige paciência -, levando, por exemplo, mais de cinco minutos para preparar um café expresso.
Retomando minha alegria
acadêmica do voltar bandejar. Depois de meia hora na fila, sob o sol
do meio-dia, para pôr créditos no cartão, adentro esse mítico
local – que desconheço em suas particularidades. No cardápio,
estrogonofe. Me recordo do bandejão da USP-Ribeirão, onde tal prato
era a iguaria máxima, motivo para festa. Na Unicamp a festa – e
que festa! – ficava por conta da feijoada – e que feijoada!
![]() |
Unicamp |
Ainda sem me enturmar, almoço sozinho – o que fazia também na
Unicamp, apesar de bem enturmado por lá. O bandejão da UFABC dá a
impressão de ainda ser provisório – ainda que um provisório
caprichado, feito para provisoriar por longo tempo. Decepcionante
mesmo que a bandeja não serve para pôr a comida, mas sustentar o
prato, talheres e etecéteras. Como a entrada não se dá num nível
superior, como na Unicamp, para as pessoas saírem a la “Another
brick in the wall”, só que com bandejas, e não dominós (esses
temos que ter já colado ao rosto para conseguir entrar na
universidade), não há o interessante passatempo de almoçar vendo
quem está entrando – quem sabe futuras Ruths ou paixões
platônicas (Karinas, Carines... ao que tudo indica sou alguém que não
gosta de grandes variações nominais). A comida não é ruim, mas o
estrogonofe, cheio de gordura, deixa a desejar. Penso na economia que
estou tendo, no rito mítico de bandejar, e engulo.
Na
saída, ouço dois alunos comentarem: hoje o estrogonofe
estava bom, que milagre! Vejo se
não estão tirando sarro, não parece. Então digo a mim mesmo: é
uma questão de adaptar o paladar! É só adaptar o paladar!
Santo
André, 31 de maio de 2012.
ps:
quando fui pela segunda vez ao bandejão, o que no da Unicamp é
lenda acadêmica (aparece no cardápio mas nunca na bandeja), na UFABC é
realidade: lasanha de beringela.
Sem comentários:
Enviar um comentário