Em 1966, por exemplo, Stanislaw Ponte-Preta se divertia com a instituição do dia do pobre e do dia da avó. Antes, a moda eram as datas históricas. Hoje, no quesito novas datas, me parece, têm tido visibilidade as políticas, institucionalizadas, como o dia da consciência negra; ou em vias de, como o dia do orgulho gay; ou não, como o abril vermelho.
De qualquer forma, é sintomático a publicidade sair à caça de uma data comemorativa, se deparar com esse tal de dia do amigo, e a forma que tenta se apropriar dela. Primeiro, por ser puxado por uma campanha publicitária: o que antes era da esfera política ou da sociedade civil, hoje é do mercado. O dia do amigo, se existe há 40 anos, foi só quando se vislumbrou possibilidades de lucro nele que mereceu “comemorações”. Segundo, porque esse tipo de comemoração é anacrônica: hoje datas comemorativas ou são tradicionais (tem-se tentado importar algumas tradições, por sinal), ou marcam um dia de protesto, de reivindicação de direitos, de reclamar aquilo que não se tem (talvez o dia do amigo devesse se enquadrar nesse tipo de data). Por fim, é providencial que se comemore apenas o amigo, e não a amizade. Antes de tudo, por centrar no indivíduo e não na relação entre as pessoas; mas também por permitir que a data seja comemorada, pela agitadora oficial, com uma disputa entre diversos grupos de amigos por um prêmio qualquer. Ou seja: com meus amigos eu comemoro, com os outros é guerra. Quase como briga de torcidas, mas patrocinado por cerveja. Ops! Quase como briga de torcidas, até mesmo no estímulo e no patrocínio da cerveja.
PS: Eu tinha pensado em falar da estupidez das propagandas. Por enquanto resolvi não chover no molhado. Penso que o texto “Roubada não desce redondo”, do bailarino Alysson Amancio, dá conta do recado.
Pato Branco, 24 de julho de 2009
Publicado em www.institutohypnos.org.br
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