sábado, 28 de novembro de 2009

Lei antifumo?

Bater no mais fraco é sempre mais fácil que peitar o mais forte. Isso vale não só para briga de criança como também para a política.
Conversava dia desses com meu irmão – estudante de direito e estagiário do Ministério Público – sobre a lei antifumo do Serra (que agora possui uma versão paranaense). Ele comentou que há uma série de ações diretas de inconstitucionalidade contra alei, uma vez que é da alçada federal tratar do assunto. Ou eja, pode ser que a lei caia não só por ser estúpida – como a qualifiquei em crônica passada -, como por ser ilegal.
Me pondo de lado dessa discussão jurídica, da qual nada entendo, questiono qual a eficácia desse tipo de lei na diminuição no número de fumantes (ativos, os passivos é evidente). Quem há muito fuma, não será por ter que ir a um local descoberto que deixará de sentir necessidade de e prazer em fumar. Já os jovens, sempre ávidos por rebeldias bem comportadas, o estigma do cigarro pode ter efeito contrário. Vejam como sou rebelde e não ligo para os olhares reprovadores, pode pensar o jovem de dezesseis anos, isolado num canto enquanto fuma seu cigarro, vestido com uma camiseta da Marlboro, para chocar um pouco mais.
Vivemos em um mundo dominado pela imagem e pela publicidade. Importa o que parece, não o que é. O cigarro não seria alheio a essa dinâmica. Lembro no ensino médio duas amigas fumantes falavam de uma terceira: ela fuma Derby! Coisa de pobre, me explicaram quando perguntei qual o problema.
Mas para Serra, Requião e outros, os responsáveis pelo tabagismo são os bares, a PUC-SP, não os fabricantes de cigarro com seus maços coloridos, sedutores, ou pacotes de seda que lembram embagalens de chicletes. Não seria mais eficiente (mais efeitivo e menos custoso) banir em absoluto a propaganda de cigarro? Não só cartazes ou peças publicitárias, como a própria diferenciação de embalagens: Derby, Marlboro ou Lucky Strike, todas com a mesma caixa marrom-diarréia, por exemplo, a marca em branco, escrita com a mesma fonte e tamanho.
Essa medida, porém, seria bater nos poderosos, em gente com ótimos argumento$ para defender seus interesses. É mais interessante comprar brigas com bares e botecos do que com fabricantes de cigarro e empresas de publicidade. O fato da lei cidade limpa do Kassab não ter sido seguida país afora como a lei antifumo do Serra talvez não seja mero acaso.

Campinas, 28 de novembro de 2009

Publicado em www.institutohypnos.org.br

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