Porém, nestes tempos de partidos que os cientistas políticos chamam de “catch all party”, tudo ficou muito simples. Tomemos como exemplo as eleições internas do diretório paulista do PMDB, partido da base de sustentação de Lula, cogitado para ocupar o vice em eventual chapa de Dilma em 2010, cargo que ocupou em 2002, na chapa de Serra, do PSDB, depois de ter integrado a base do governo FHC.
Leio no jornal que o PT apóia a candidatura de Francisco Rossi para a presidência do partido no estado. Rossi, vale lembrar, foi expulso do PDT em 1998 por declarar voto em Paulo Maluf e não em Mário Covas, do PSDB, no segundo turno das eleições para governador daquele ano. Nestas eleições internas do PMDB, o candidato apoiado pelo PT enfrentará o atual presidente do diretório paulista, Orestes Quércia, conhecido de outros carnavais por caçar bois pelos pastos paulistas, e que em 2002 recebeu um atestado de probidade do então candidato da esperança Luís Inácio Lula da Silva, do PT. Hoje Quércia – que tem apoio de Michel Temer, seu adversário no partido, ex linha de frente de FHC, hoje linha de frente lulista, cogitado para vice de Dilma – é serrista, ou seja, apóia aliança do PMDB na eleição para presidente de 2010 com o tucano José Serra, vencido por Lula em 2002. Serra é economista mas foi ministro da saúde nos governos FHC (reconheço que um economista na saúde é muito melhor do que um médico na economia). Nacional-desenvolvimentista, era contrário às políticas neoliberais do ex-presidente, as quais tinham o entusiasmado aval do então PFL, hoje DEM, cujo então presidente – Jorge Bornhausen – chegou a afirmar que o apagão de 2001 foi conseqüência da não privatização da Petrobrás – por breve período denominada Petrobrax. Isso, contudo, não impediu Serra de dar alento ao DEM, partido que definha a cada eleição, ao colocar como prefeito da principal cidade do país Gilberto Kassab. Kassab, todos sabem, foi secretário de Pitta, cria de Maluf. O mesmo Maluf que hoje é da base de sustentação de Lula e que em 1998 tinha sua foto estampada junto à do candidato à reeleição pelo PSDB, FHC. Voltado à disputa atual do PMDB, Quércia admite que Rossi pode, sim, ser candidato ao governo do estado, desde que o partido apoie Requião na sua campanha à presidência. Requião, tido por alguns como o Chavez brasileiro, é do PMDB lulista, e se lançou pré-candidato à presidência em 2010, contrariando os planos de Lula.
Simples, não? Nada de esquerda, direita, programa, propostas, hoje a política se resume a "é meu amigo" ou “estou de mal”, igual criança. Pena que eles mexam com coisas muito sérias.
Campinas, 12 de dezembro de 2009
Publicado em www.institutohypnos.org.br
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