Meu pequeno pátio estava que um matagal só, salvo os dois trechos não cimentados, um por um metro o primeiro deles, e dois por um o outro. Eu bem que tentara dar uma limpada no final de janeiro, quando o mato já havia tomado conta, mas antes do quinto minuto queimei a mão numa taturana. Depois disso fui postergando a retomada da tarefa – até pela falta de tempo.
O dono da casa, ao chegar para para consertar a dita campainha e se deparar com todo aquele mato (ao menos da parte interna da casa eu cuido bem), fez aquela cara de desagrado e se propôs a dar um jeito também no quintal. Anui, o que fazer?
Dois dias depois ele veio. Não demorou muito e o capim já estava todo arrancado, e ele, facão na mão, partia para as plantas de caule grosso. Nessa hora me surpreendi com seus conhecimentos em botânica. “Este aqui”, me mostrou um pé já alto, mais de um metro e meio, “é um ipê”. “E como foi parar aí?”. O abacateiro cortado há dois anos é fácil: tenho minha composteira, ou algo que o valha, onde jogo restos de frutas, mas eu não como ipê. “Ah, é passarinho que traz”. E zapt, era um ipê, porque o facão já havia levado.
“Esta aqui é uma pitangueira”, comentou de uma arvorezinha que há bem uns quatro anos brigava para se firmar. Trinta segundos e foi-se. Perguntou se a palma eu que tinha plantado. Como tinha sido, falou que deixaria, “mas assim que você sair eu corto”. O pé de amora ao lado não teve a mesma sorte – e minha sorte de ter um pé de amora no quintal durou um minuto. Consegui ainda salvar o pé de acerola que ganhara de um amigo, com o argumento de que eu quem plantara. Já o pé de lichia, que também tinha sido plantado por mim quando eu nem sabia o que era lichia, muito menos na árvore monstruosa que ela cresce, estava de saída e preferi não dizer nada. Não sei se reconheceu que árvore era aquela, de qualquer forma, quando voltei pra casa, o quintal “limpo”, ela não estava mais lá.
Pato Branco, 12 de maio de 2011.
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