De “férias” na casa dos meus pais, na quarta-feira, pouco depois das dez da noite, estou com um romance embaixo do braço, pronto para meus quarenta minutos diários de leitura antes de dormir. Antes de começar a ler, resolvo dar uma olhada no jogo que passava na tevê. Num dos canais, Cascavel e Atlético. Gostaria de vitória do Cascavel, mas resolvo ser realista e não perder tempo a toa. No outro canal, Monte Azul e Palmeiras. Depois do penalti duvidoso que resultou no gol do Palmeiras, decido ir ler, finalmente. Só dou uma passada nos outros três canais disponíveis. Nada de útil (como se assistir jogo do Palmeiras ou do Atlético fosse algo útil, ou mesmo agradável, enfim). Nessa passada pelos programas inúteis, me prendo no “Um contra cem”, nova versão do show do milhão. O programa é chato, perguntas bestas, pessoas agindo feito chipanzés na platéia, suspense de quinta categoria a cada resposta. Para não me aborrecer, volta e meia passo pelos jogos, para ver se mudou o placar, se algum jogo está mais interessante. Nada. No “Um contra cem”, um professor põe 400 mil que já tinha ganho em disputa e perde. “E daí”, me pergunto, apenas para reforçar a mim mesmo minha perda de tempo. Findo o programa, mudo de canal, para acompanhar o fim do jogo do Cascavel. Empate. Ainda faltam uns minutos do jogo do Monte Azul. Derrota. É quase meia noite. Depois de uma hora e meia sem ter feito nada – de útil ou de divertido ou de agradável ou de enriquecedor – desligo a tevê e vou dormir sem ler.
Em Campinas não tenho tevê: entendi porque consigo ler esse tanto que espanta meus televisionados (ainda que leitores) amigos.
Pato Branco, 29 de janeiro de 2010
publicado em www.institutohypnos.org.br
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