Se depois do primeiro jogo do Brasil seguiu-se um dia
normal, visto que a vitória era óbvia e a alegria que muitos traziam no rosto
era antes pela confirmação do que já era sabido, esta quarta a coisa mudou de
figura: o clima menos leve, todos discutindo o jogo, apontando os culpados pelo
empate inaceitável - a incompetência da seleção, a falha do Paulinho, o erro de
Oscar. Paulinho? Oscar? Oscar pra mim é um jogador já aposentado, até onde me
consta - e de basquete, ainda por cima! Assim como o Julio Cesar, goleiro
aposentado até ser convocado pelo Felipão. Ah, sim, outro culpado pelo rompimento
da ordem e da justiça futebolística foi o goleiro Ochoa – esqueceram de
combinar com os russos, como diria Garrincha. E por falar em Méjico, trombo com
um grupo de mejicanos, seu espanhol de curso de línguas - falado sem arrastar o
ll até quase virar o ch dos argentinos e sem a língua presa e a bochecha solta
dos espanhóis. Pessoas que não estavam discutindo a partida da seleção,
finalmente! Perto do Teatro Municipal, um english speaker passa com uma placa “Compro
tickets”. Não me soou um método muito eficiente, pela internet eu diria ter
mais chances, mas com essa gringaiada toda perdida por Sampa, vai que a
dinâmica da cidade não mudou. De qualquer forma ele aproveita para dar um passeio
pela cidade nessa tarde que ameaça um toró para breve. Pouco adiante um homem
com camisa da seleção da Itália passa me olhando insistentemente, a ponto me
incomodar: que raios queria ele para me olhar tanto (e não parecia olhar de
cantada)? Demoro um tempo até lembrar que estou a caráter pro clima: não porque
uso um agasalho numa tarde fria, mas por ser tal agasalho da seleção italiana.
Sempre me pergunto o por quê de ter comprado essa roupa: precisava, estava
barata, é bonita, é certo, mas não gosto de dois dos títulos da Itália: oitenta
e dois deveria ter ido para o Brasil de Zico, e dois mil e seis pra França de
Zidane. Por falar em campeões, a Espanha seria eliminada pouco depois desse meu
passeio.
São Paulo, 18 de junho de 2014.
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