quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Musculoso e desmoralizado [por Sérgio S., ex-Trezenhum. Humor Sem g

Você que me acompanha, a desocupada leitora, o desocupado leitor, deve ter notado que falei do meu brotinho recentemente - a que me ensinou que o novo cringe é não ser cringe -, o que significa que a alergia dela a gatos passou, assim como a vontade de motel, para alívio do meu bolso, e de transar no quarto ao lado do dos avós, para alívio da minha consciência. 

Sem ter que gastar em motel e querendo ganhar (ou seguir com, segundo ela) uma boa impressão, decidi começar a fazer academia e usar cremes, até para não acabar acabado como o colega doutor Sabujinho. E também para ninguém ficar achando que sou o tiozão decadente que pega moças mais novas todas lindinhas só porque paga as contas, vulgo suggar daddy - ou mecenas, para não ser cringe -, sendo que essa possível impressão é algo que incomoda muito meu broto. 

Minha primeira sorte é que ela tem mau gosto para homens (já brigamos por causa isso e não tem como ela me provar o contrário estando comigo). A segunda é que salvo o motel, todas as demais contas, cada um paga a sua - a vez que ofereci pagar o Uber dela, não teve papas na língua:

Quando você pagar meu aluguel e meus luxos, deixo gastar com essas miudezas.

Contudo, quando saímos juntos, eu pago a conta inteira, e ela me faz o piques em seguida. Não, isso não é um desejo de fingir que sou o tiozão da lancha, é só que meu cartão dá o triplo de milhas e vamos viajar para o estrangeiro nas próximas férias escolares. Calma, meu brotinho não é tão jovem, ela é pedagoga, e não estudante, muito menos secundarista (não sou o doutor Sabujinho, por favor!).

Hoje, no almoço, até o nobre colega Macedo notou que minha pele estava melhor - o que mostra que eu estava já meio mal encaminhado. Isso mostra que o creme faz alguma diferença, assim como a expectativa para encontrar meu broto depois do expediente. À noite foi a vez dela notar minha evolução estética e falar de meus músculos recém surgidos. O duro é que ela o fez de uma maneira não muito lisonjeira.

Estávamos no banho, ela foi esfregar minhas costas quando notou minha nova forma, e não se furtou a exclamar:

Nossa! Que costas musculosas são essas?! Eu já tinha notado os braços.

E antes que eu pudesse perguntar “gostou?”, ela me questionou de pronto:

Você tem batido muita punheta?

Eu desacreditei incrédulo da desconfiança dela. Murchei.

Poxa, como assim punheta? Tenho ido na musculação quase todo dia!

E eu lá vou saber? Você nunca posta!

Também não posto vídeo me masturbando.

Mas é diferente.

Parece que é a foto que faz ficar musculoso, não os exercícios.

Não é isso, mas selfie de academia é bom tanto para estimular a continuar quanto para acompanhar a evolução.

Entendi seu argumento milenal, ou geração z, ou geração y, ou funeral, ou geração a, ou b, ou x (nunca sei quem é de qual geração nessa classificação dos publicitários de segunda categoria), e tomei uma resolução: a partir de agora, me esperem, vai ter todo dia uma dúzia de fotos comigo defronte o espelho  da academia, mostrando os músculos e o suor escorrendo. E fazendo duck face! E com frases motivacionais de pura vida e gratidão! Mentira! Minha resolução é ver se se masturbar dá mesmo tanto músculo, porque é bem mais interessante que ir puxar ferro. 

Me desejem sorte (e mandem um vídeos motivacionais para isso).


21 de fevereiro de 2024

PS: Este é um texto ficcional, teoricamente de humor. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. A imagem também é ilustrativa.

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