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ao acordar notei que faltava a toalha de chão que eu havia deixado
secando na porta da máquina de lavar (parênteses: minha casa é
"estilo londrino", conforme uma amiga que morou em Londres,
isto é, a lavanderia fica no banheiro. Fecha parênteses). Não fui
tomado por nenhum espanto com esse sumiço, sabia que era coisa da
dupla com quem divido apartamento. Procurei no banheiro, não achei.
Estranhei que tivessem arrastado para fora dele sem deixar qualquer
marca, uma vez que a toalha estava bem molhada. No quarto, embaixo da
cama, nada. Na sala, nada. Na cozinha também não, já que ela fica
fechada. Encafifei onde os dois teriam enfiado a toalha - e como?!
Busquei mais uma, duas vezes, nada. Sai para meus afazeres, perplexo
da toalhar ter desaparecido assim: seriam meus gatos mágicos?
Descartei que pudessem tê-la comido: era muito grande, mesmo que
cada um ficasse com metade. Mais plausível que tivesse conseguido
enfiar no canto onde somem bolas, canetas e outras coisas que dou pra
eles - ou eles pegam sem eu dar -, apesar de toalhas não rolarem,
ainda mais molhadas. Voltei para casa, me pus a buscar a dita toalha
- agora, com mais calma, eu daria conta que estava na minha fuça,
mas me passara despercebido. A contar que eu sabia onde estava minha
fuça, a toalha não estava junto a ela. Nem embaixo dos móveis, nem
em cima deles. Nem embaixo da colcha - vai que na pressa para arrumar
a cama, não tivesse notado que eles tinham subido ela para meu
leito. Gatos mágicos? Comecei a ficar preocupado: eventualmente
tenho o sono bem pesado - já perdi concurso por ter desligado quatro
despertadores sem acordar de fato -, e sonhei algumas vezes que eles
haviam tentado (e conseguido) escapar pela porta - num dos sonhos
Guile se atirava do corredor, quatorze andares abaixo. Seria eu
sonâmbulo, e parte do que eu achava que eram sonhos se tratavam, na
verdade, de fatos mal-percebidos pela minha consciência
semi-desperta no meio do deambular dormente? Teria eu levantando à
noite, aberto a porta, posto a toalha no lixo e voltado a dormir?
Temi não só pelos gatos, como por mim mesmo! Outra busca pela casa,
nada. À noite eu conversava com minha mãe pelo telefone, falava
justo dessa preocupação que ia me tomando, de que eu fosse
sonâmbulo nível hard, abrisse a porta de casa pela
madrugada, perseguisse gatos fugitivos e jogasse toalhas no lixo. Ou
seriam meus gatos realmente especiais? Foi quando abri a janela da
sala para eles irem um pouco "fora" (os cinco centímetros
entre a janela e a rede de segurança): a toalha estava no trilho da
janela (e assim que se chama?): então lembrei! Eu havia posto ela
ali durante a madrugada, quando começou a chover forte e com vento,
para evitar que entrasse água no apartamento. A sensação de
alívio, admito, foi enorme! Resumo da história: nem gatos mágicos
ou comedores de toalhas, nem sonambulismo hard, apenas um
lapso causado pelo sono e uma crônica sem graça.
18
de julho de 2015.
E o medo que eles tivessem levado uma toalha molhada pra cima dos meus livros? |
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