A Unicamp tem pego pesado contra os funcionários grevistas nesta greve de 2010. Pesado não por recusar a negociar aumento além dos 6,7%, mas na resposta aos ataques que o sindicato tem deferido contra a instituição.
No seu portal (www.unicamp.br) há uma lista de reportagens sobre o quão bom é trabalhar na universidade e quantas pessoas não o querem. Há artigos de professores criticando grevistas e ocupacionistas. E as reiteradas notas do Cruesp, o conselho dos reitores, afirmando que o aumento acima da inflação é parte de um programa de valorização da carreira, sem comprometer o orçamento das universidades paulistas. Até que pondo é verdade, não entro no mérito.
Os grevistas, claro, acusam o reitor de intransigente. Mas perto da greve de 2004, quando o atual todo-poderoso da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, era o reitor da Unicamp e presidente do Cruesp, a evolução política da universidade é gigantesca.
Apesar de ser uma greve pequena, fraca, mal articula e apenas de funcionários, a Unicamp tem se dado o trabalho de rebater os argumentos. Em 2004, o portal da universidade simplesmente não noticiava nada, absolutamente nada, da greve, até a ocupação da reitoria e, dias depois, o piquete em frente ao Bandejão. Foi só com o uso de expedientes extremos que foram não só abertas as negociações com funcionários e professores numa greve longa e forte, como admitida que havia na universidade um litígio político pendente. E que quando admitiu, de pronto desqualificou o movimento, sem entrar no mérito das reivindicações, chamando professora do IFCH para taxar de fascista o ato de ocupação da reitoria – num anacronismo que uma intelectual não poderia cometer.
Da greve deste ano. A reivindicação pode ser justa, mas a forma de pressão é equivocada. Serve para animar o que resta de uma esquerda carnavalesca (que imagina que greve é carnaval), demonstrar a fraqueza do movimento, e isolar ainda mais o sindicato. O problema é que, dado o tiro errado, se a elite sindical retroceder sem conseguir as reivindicações, terá cravado mais um prego no caixão – a cova, ela já cavou há tempos, não é fruto da contratação de tercerizados. Enquanto não se decide se perde ou perde, o sindicato dá mais força às críticas vindas dos setores mais conservadores, que questionam por que pagar o quanto se paga a um funcionário da Unicamp, se se pode contratar um tercerizado – muito mais eficiente – por um terço do custo. Essa disputa, não será com greves dispensáveis que se conseguirá reverter.
Campinas, 17 de junho de 2010.
No seu portal (www.unicamp.br) há uma lista de reportagens sobre o quão bom é trabalhar na universidade e quantas pessoas não o querem. Há artigos de professores criticando grevistas e ocupacionistas. E as reiteradas notas do Cruesp, o conselho dos reitores, afirmando que o aumento acima da inflação é parte de um programa de valorização da carreira, sem comprometer o orçamento das universidades paulistas. Até que pondo é verdade, não entro no mérito.
Os grevistas, claro, acusam o reitor de intransigente. Mas perto da greve de 2004, quando o atual todo-poderoso da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, era o reitor da Unicamp e presidente do Cruesp, a evolução política da universidade é gigantesca.
Apesar de ser uma greve pequena, fraca, mal articula e apenas de funcionários, a Unicamp tem se dado o trabalho de rebater os argumentos. Em 2004, o portal da universidade simplesmente não noticiava nada, absolutamente nada, da greve, até a ocupação da reitoria e, dias depois, o piquete em frente ao Bandejão. Foi só com o uso de expedientes extremos que foram não só abertas as negociações com funcionários e professores numa greve longa e forte, como admitida que havia na universidade um litígio político pendente. E que quando admitiu, de pronto desqualificou o movimento, sem entrar no mérito das reivindicações, chamando professora do IFCH para taxar de fascista o ato de ocupação da reitoria – num anacronismo que uma intelectual não poderia cometer.
Da greve deste ano. A reivindicação pode ser justa, mas a forma de pressão é equivocada. Serve para animar o que resta de uma esquerda carnavalesca (que imagina que greve é carnaval), demonstrar a fraqueza do movimento, e isolar ainda mais o sindicato. O problema é que, dado o tiro errado, se a elite sindical retroceder sem conseguir as reivindicações, terá cravado mais um prego no caixão – a cova, ela já cavou há tempos, não é fruto da contratação de tercerizados. Enquanto não se decide se perde ou perde, o sindicato dá mais força às críticas vindas dos setores mais conservadores, que questionam por que pagar o quanto se paga a um funcionário da Unicamp, se se pode contratar um tercerizado – muito mais eficiente – por um terço do custo. Essa disputa, não será com greves dispensáveis que se conseguirá reverter.
Campinas, 17 de junho de 2010.
Sem comentários:
Enviar um comentário