sábado, 12 de junho de 2010

Florianópolis pela janela do avião

Pela primeira vez cheguei a Nossa Senhora do Desterro de avião. Pelo alto, Floripa me pareceu uma cidade feia. Quem me conhce me acusará de tê-la visto feia porque não gosto da cidade. Do meu lado, acredito que a visão desde cima ajudou a entender o porquê d'eu ser um herege que não sonha em um dia morar no Éden dos paulistas.

De cima fica muito evidente o clima nada harmônico da ilha: a divisão homem x natureza é muito clara: onde o homem conseguiu se fixar, o verde está expulso. Onde a mata ainda resiste, a ocupação humana avança. Uma batalha desigual. E a mim, a natureza sempre me pareceu o principal atrativo da capital catarinense, uma vez que no quesito atividades artístico-culturais e mesmo no de serviços, ela fica aquém de outras cidades de porte similar. Porém, se sua principal qualidade é repelida com tal veemência, o que resta?

Meu irmão tentou justificar: apertada, qualquer lugar que se tem, que pode, o homem aproveita. Que se tem e que não se tem, como a Beira-Mar Sul. Que pode e que não pode, como casas sobre dunas, condomínios sobre praias, shoppings sobre mangues. Minha interrogação foi: precisava crescer o tanto que cresceu, da forma que cresceu? Claro que não. Mas Florianópolis, a exemplo de tantas outras precárias cidades brasileira - São Paulo, para ficar no caso mais famoso -, parece que nunca teve preocupação séria com o urbanismo, nem com a natureza. E quem chega, chega com a mesma mentalidade: aproveitar o que a ilha tem de bom, sem calcular os custos.

A cidade cresce desordenadamente para todos os lados, por mais que a estrutura há tempos esteja saturada. Diante das necessidades de ocupação humana e lucros imobiliários, o principal atrativo se torna um estorvo - contornável, felizmente. Não sei, talvez seja crença entre os moradores - os velhos e os novos - que não há combinação melhor do que praia, sol e cimento.


Florianópolis, 12 de junho de 2010.

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