Sem
acompanhar com muita atenção os jornais durante a semana, fui pego
de surpresa com a nomeação do Bispo Crivella – que prefere não
ser chamado de bispo – para o ministério da Pesca. A primeira
pergunta: Bispo Crivella na pesca?? Logo a seguir respiro aliviado:
ainda bem que não no da Educação ou no Ministério de
Desenvolvimento Social. Vem, então, uma segunda questão – já
respondida –, mas que mesmo assim faço, e julgo até mais
importante: por que uma secretaria com estatuto de ministério, com
todo o dispêndio que acarreta? Pra quê, está claro: moeda de troca
política. E o timming da
substituição dos ministros – justo quando Serra anuncia sua
pré-candidatura à prefeitura de São Paulo – não deixa dúvidas
para isso.
A prefeitura valendo um ministério para a bancada evangélica, outra coisa para não se admirar: um dos pré-candidatos de São Paulo, Chalita, vem como representante da Paróquia de Aparecida; com Serra na disputa, o PT se arma para uma nova disputa a la 2010: família, aborto, religião, casamento gay, divórcio, valores, Deus – logo voltaremos a discutir o biquini e a mini-saia.

Se essa questão dos quadros – cuja modelo de renovação, no Brasil, ficou marcada como sendo típica do PFL/DEM – é um dos aspectos que apontam para a sepultura tucana, a outra, mais imediata, é do próprio ideal de um partido moderno – naquelas modernização-conservadora típica tupiniquim, da qual nem o PT escapa. O PSDB já possui Alckmin como governador do principal estado da nação – dispensando comentários sobre seu conservadorismo truculento –; com Serra novamente em destaque, vai assumindo e se firmando como um partido conservador não apenas na economia – que isso o PT também é –, mas principalmente nos costumes (comentei isso em crônica anterior [j.mp/cG24112]).
Não há como não lembrar de Chico de Oliveira, quando este falou da irrelevância da política pós reformas estruturais da era FHC: com o principal partido de oposição sem um projeto alternativo para o país, sem uma discussão sobre a urbe, resta a rinha em cima de migalhas moralistas, num momento de recrudescimento das posições conservadoras – de esquerda e de direita, é bom salientar.
Pior: o PT sabe disso, não nega, e se adapta: ele sabe da irrelevância da política e não tem interesse em alterar esse panorama, pois se beneficia dele.
Pato Branco, 03 de março de 2012.
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