Estação
da Sé, sete da noite de uma terça-feira com alguns problemas no
metrô (nada comparado ao dia anterior, quatro da tarde, na
Barra Funda). Estou com uma amiga espremidos na
baia, esperando pelo próximo carro. Chega um, já lotado. Somos arrastados até próximo do embarque, pessoas se socam lá dentro. O trem parte, ficamos esperando pelo próximo. A tal faixa amarela –
que, segundo o metrô, “é para a sua segurança” – há muito
foi desrespeitada por um sem número de pessoas. Enquanto
compartilhamos do calor dos corpos alheios, resolvo contar a minha
colega de aperto histórias ouvidas de uma outra amiga, metroviária, sobre
casos de pessoas que não respeitaram a tal faixa. O caso que mais me
impressiona é o de uma pessoa que, ao que tudo indica, espirrou
justo na hora em que o trem passava. Resultado: o trem bateu em sua
cabeça e ela morreu. Comentei de um vídeo do metrô em Praga, em
que uma mulher passa mal, desmaia e cai no meio dos trilhos na
hora que o trem se aproximava. “E aí”, pergunta minha amiga. Se
encolheu e o trem não a pegou. “Que sorte”. Sim, sorte, mesmo,
porque quando desce pra via, há o risco de morrer eletrocutado pelo
chamado terceiro trilho – ou seja, não é só o trem o perigo.
“Onde fica esse terceiro trilho”, ela pergunta espichando o
pescoço. Também não sei e, claro, não consigo mostrar. Enquanto
comento esses casos, vejo duas mulheres – depois da faixa amarela –
me observando, checando qual a credibilidade do rapaz que comenta
histórias escabrosas de mortes no metrô. Reparo que devem ter me dado por alguém sério, tentam dar um
impossível passinho para trás. Seguro o riso e conto um caso mais.
O trem chega e, independente da nossa vontade, somos assardinhados
para nossa viagem.
São
Paulo, 07 de agosto de 2013.
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