Enquanto espero pelo
meu horário, a secretária do médico reclama da Dilma. O argumento
é razoável, e ela seria razoável se tivesse chegado a ele por sua
própria conta - se não fosse um raciocínio heterônomo, de
ocasião, apenas uma envólucro para justificar uma raiva sem sentido
do PT. Reclama dos cortes da Dilma, que ela diminuiu o orçamento da
educação. Sem querer entrar em polêmica, mas sem querer ficar
quieto e sorrindo, digo que educação, saúde e bolsa-família foram
três áreas poupadas da sanha do Joaquim Levy e seus porta-vozes na
Grande Imprensa. "Que nada, ela cortou o Fies pela metade, agora
aluno não pode mais estudar". É... essa questão do
financiamento é complicada, porque é dinheiro que poderia ir para
universidade pública, uma questão de escolha bastante controversa -
tento contornar. "Pois é, o governo deveria investir em educação pública, mas se não tem universidade pública pra todos, se pobre não consegue entrar nela, se o governo preferiu pagar universidade particular - esse monte de
universidade de segunda linha -, agora não dê para trás",
retruca. Como disse, ainda que não seja o despertar de uma profunda
consciência política, reivindicar que não se dê passo atrás não
deixaria de ser um avanço - se fosse realmente esse o motivo pelo
qual ela critica o governo. Lembro que o festival de faculdades de
fundo de quintal foi obra do FHC, que se furtou de investir em universidade pública. Ela nega, eu reitero. Ela, então, revela que
educação, saúde, inflação ou gol da Alemanha são desculpas
quaisquer que ela papagueia dos nossos formadores (sic) de opinião:
"não sou politizada pra discutir isso, o que eu sei é que ela
está levando o país à bancarrota". Se ela sabe, quem sou eu
para contestá-la? Desconfio que para ela qualquer pessoa minimamente
informada saiba disso - assim como para mim qualquer pessoa informada
além do mínimo sabe que as coisas não são exatamente como o JN
diz. Penso em responder indiretamente: "imagina na copa", mas desconfio que ela antes vai me chamar de petista - o que,
definitivamente, não é o caso - do que entender minha mensagem.
Opto por apenas sorrir, na esperança de encerrarmos por ali nossa
conversa. Por sorte, logo o médico me salva, digo, me chama. E eu fico
a me questionar: não aprendemos nada com a copa? Nenhuma auto-crítica?
11 de junho de 2015.
ps: reconheço que o título não é muito convidativo a encetar um debate
ps: reconheço que o título não é muito convidativo a encetar um debate
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